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Emanuel Silva: “Não há uma procura e uma preferência por fundos com critérios ESG”

O CEO da IMGA indica que os investidores nacionais ainda não estão muito sensibilizados para as questões da sustentabilidade.

Vítor Mota
18 de Outubro de 2020 às 22:16
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Emanuel Silva diz que o tema da sustentabilidade ainda não está na agenda dos investidores nacionais.

Como estão a abordar o tema da sustentabilidade?
Desde setembro de 2019, a IMGA tem vindo a incorporar fatores de natureza ambiental, social e de governo societário (ESG) nos critérios de investimento dos fundos. Os fundos Ibéria foram os primeiros a adotar critérios ESG. A IMGA está já alinhada com as novas tendências internacionais de sustentabilidade e de uma forma geral os nossos fundos estão já a incorporar esses fatores na fase de seleção de investimento, embora não esteja ainda concluído o processo final de integração na sua política de investimento, o que deverá acontecer durante 2021.

Têm critérios de exclusão?
A intenção é que a partir de 2021 estejam todos os fundos na observância de critérios de exclusão.

Um selo ESG já é um fator determinante na escolha de um fundo em Portugal?
Não me parece. Não temos sentido essa tendência. Neste momento os investidores estão preocupados com outros problemas, com a questão da segurança, da rentabilidade e, acima de tudo, com a liquidez. Há algum segmento específico de clientes que crescentemente tem a preocupação ESG e já começa a fazer alguns pedidos de investimentos ESG. Mas não há uma procura e uma preferência por ESG, no sentido de investir ESG e não noutra solução. Acreditamos, no entanto, que essa será a tendência futura. A divulgação crescente em relação a esta matéria vai contribuir - e muito - para que futuramente haja uma procura mais direcionada.

Que empresas estão a privilegiar neste momento?
Ativos de empresas core, empresas de primeira linha, com bons "ratings" e que tenham a resiliência para poderem suportar movimentos adversos.

No mercado nacional encontra essas empresas?
Sim. Existem bastantes empresas "core" que vão ao encontro destes critérios. Todos os setores tradicionais, nomeadamente distribuição, algumas "utilities", são empresas interessantes, o que nos leva a crer que temos aqui empresas com capacidade para preservar o nosso investimento. Empresas de boa dimensão, com bom "rating". Nós próprios temos a nossa solução interna de "rating", somos nós que fazemos uma avaliação com uma equipa interna. Podem até ser empresas que não tenham um "rating" público atribuído e que vemos, pela sua qualidade de ativos e balanço, que podem ser interessantes e nas quais entendemos que podemos investir com um grau de confiança elevado.

Estão a colmatar uma falha no mercado com um modelo de avaliação interno?
Temos as nossas ferramentas internas para fazer as nossas avaliações desde há já aproximadamente três anos. Temos capacidade bastante interessante de avaliar todos os ativos em que estamos a investir. Foi uma forma de garantir que temos todas as ferramentas necessárias para fazermos os investimentos que consideramos mais adequados. O mercado tem umas soluções públicas que todos conhecemos, mas, com o que fomos passando, constatamos que nem todas as soluções são as que melhor respondem.

Vão manter a aposta no mercado nacional, com fundos que investem no mercado português?
Sim. A IMGA vai manter essa aposta no mercado nacional, aliás, de forma crescente, porque entendemos que é essencial que exista um mercado local com liquidez, dimensão e que permita de alguma forma relançar a nossa economia. Muito me custaria ver os nossos investimentos e as nossas poupanças serem canalizadas para mercados internacionais. Infelizmente temos vindo a constatar que há uma saída grande de poupança local para investir noutro tipo de investimentos e em mercados internacionais. Mantemos essa aposta, estamos a investir através do [IMGA] Ações Portugal 85% do património em empresas portuguesas. E vamos tentar continuar a apostar nesse sentido.

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