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Buffet alerta para fraudes com IA, cujo poder compara ao de armas nucleares

Berkshire Hathaway vendeu mais 10 milhões de ações da Apple mas Buffet garante que a tomou a decisão por razões fiscais e não devido a qualquer visão sobre a tecnológica. Lucro atingiu 12,7 mil milhões de dólares.

No terceiro trimestre, Warren Buffett vendeu mais de cinco mil milhões de dólares em ações.
Rick Wilking/Reuters
Hugo Neutel hugoneutel@negocios.pt 04 de Maio de 2024 às 17:17
Warren Buffet afirmou neste sábado que o uso da inteligência artificial (IA) para fraudes pode ser a próxima grande indústria em crescimento e comparou esta tecnologia à das armas nucleares.

Na assembleia geral da Berkshire Hathaway, a holding que lidera, o megainvestidor relatou neste sábado o desconforto que sentiu após ver uma imagem dele próprio gerada através de IA. Embora não tenha referido explicitamente se se tratava de um vídeo "deepfake", parece ter sido esse o caso.

"Se conseguimos reproduzir imagens que não distinguimos das reais em que alguém nos diz ‘preciso de dinheiro’ como se fosse [por exemplo] um filho nosso, vemos o potencial para ludibriar pessoas".

"As fraudes foram sempre parte da cena americana e será a indústria com maior crescimento", afirmou.

"Deixámos o génio sair da lamparina quando desenvolvemos armas nucleares e esse génio tem feito coisas terríveis. Isso assusta muito. E com a IA é semelhante, alertou.

Resultado operacional cresce mas lucro cai


A holding de Warren Buffet registou, no primeiro trimestre do ano, um aumento de quase 40% no resultado operacional para 11,2 mil milhões de dólares, avançam vários jornais norte-americanos. No entanto, o resultado no trimestre caiu para 12,7 mil milhões de dólares, cerca de três vezes menos do que os 35,5 mil milhões registados no período homólogo.

A Berkshire Hathaway melhorou a liquidez para 189 mil milhões de dólares no final de março, valor que compara com os 167 mil milhões verificados em dezembro.

A companhia está neste sábado reunida em assembleia geral de acionistas, a primeira sem Charlie Munger, o vice-chairman de longa data na companhia. Munger faleceu no ano passado aos 99 anos de idade.

Entre janeiro e março a companhia reduziu a participação na Apple pelo segundo trimestre consecutivo. Depois de no final de 2023 ter alienado mais de 100 milhões de ações da tecnológica, continuou a estratégia vendendo outros 10 milhões já em 2024.

O racional da operação, explicou Warren Buffet, está relacionado com razões fiscais, e não devido a qualquer avaliação de longo prazo da ação. O "megainvestidor" sugeriu que a operação pode estar ligada a uma possível subida das taxas de juro para financiar o défice norte-americano.

"Não me importo nada de passar esse cheque. E com tudo o que a América fez por todos vós, não se devem importar que o façamos", afirmou, dirigindo-se aos acionistas reunidos no estado de Nebrasca.

Buffet revelou também que a companhia está a olhar para o setor da energia renovável mas avisou que a indústria precisa de mais tempo para se desenvolver. 

"Algumas coisas demora tempo", afirmou. "Não podemos criar um bebé num mês engravidando nove mulheres", ironizou.
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