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BCE admite que inflação vai "durar mais que esperado". Ómicron não deverá ditar estímulos extra

Governadores reúnem-se na próxima semana para decidir o futuro da política monetária da zona euro. Dois membros do conselho sinalizam que não deverão ser anunciados novos estímulos, mas apontam para uma reavaliação à evolução da pandemia.

Reuters
08 de Dezembro de 2021 às 12:00
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A inflação na zona euro vai demorar mais a voltar à meta do Banco Central Europeu (BCE) - próxima de 2% - do que o esperado, mas não há ainda sinais de que a subida dos preços se esteja a refletir nos salários, de acordo com o vice-presidente da autoridade monetária. A aceleração será um desafio adicional para a tomada de decisão do BCE sobre a estratégia a adotar no próximo ano.

"A atual fase de inflação mais elevada pode durar mais do que o esperado há apenas alguns meses", disse Luís de Guindos, citado pela Bloomberg, num evento realizado na manhã desta quarta-feira. "Para já, não há sinais de efeitos secundários da inflação elevada nos salários", mas "é esperado um crescimento salarial maior em 2022 do que em 2021", afirmou.

O BCE tem mantido uma posição firme de que o disparo na inflação é temporário e vai voltar organicamente à meta. "Estamos plenamente convencidos de que a inflação vai começar a cair no início do próximo ano e que, na segunda metade do ano, a inflação vai começar a desacelerar ainda mais e a convergir com o objetivo de 2%", reafirmou o espanhol.

"Talvez a convergência até à meta de 2% vá demorar um pouco mais, mas não tenho dúvidas de que a inflação vai desacelerar em 2022", sublinhou. O índice de preços no consumidor atingiu o máximo histórico de 4,9% no mês passado e o consenso do mercado é que não regresse a 2% no próximo ano.

Além de analistas e investidores, também governadores dos bancos centrais da zona euro têm vindo a expressar preocupação com a inflação, aumentando a expectativa à medida que se aproxima a próxima reunião do Conselho de Governadores.

A 16 de dezembro, os membros deverão anunciar o que irá seguir-se ao fim do programa de compra de ativos delineado especificamente para fazer face ao impacto da pandemia. O envelope com 1,85 biliões de euros para a aquisição de dívida pública e privada vai chegar ao fim em março do próximo ano e não deverá ser renovado. Poderá, no entanto, ser substituído por um reforço das compras mensais que acontecem ao abrigo do programa que já estava em vigor antes do coronavírus.

BCE vai reavaliar estragos da pandemia no início do ano
"O surgimento de uma nova variante [do coronavírus] é outro elemento de incerteza", admitiu o vice-presidente do BCE sobre o impacto da ómicron. Apesar de considerar que "não irá fazer descarrilar a recuperação da zona euro", De Guindos admite que "talvez possamos ver alguma desaceleração do crescimento a curto prazo, mas depois disso uma contínua e robusta recuperação a médio prazo".

Da mesma forma, Martins Kazaks - governador do banco central da Letónia e membro do Conselho de Governadores do BCE - defendeu também esta quarta-feira que a variante ómicron terá de inflingir dados significativos à economia europeia para que a autoridade monetária considera estímulos adicionais. Sublinhou, apesar disso, que ainda é cedo para o determinar.

"No momento atual, não sabemos como irá desenvolver-se a variante ómicron", disse Kazaks em entrevista à Bloomberg, considerando que o BCE deve manter o prazo para a acabar com o programa pandémico. "A menos que haja efeitos significativos e grandes revisões em baixa às perspectivas de crescimento, não vejo porque é que março - que o mercado tem vindo a esperar há algum tempo e que foi comunicado no passado - deve ser alterado".

O letão considera que pode ser feita uma nova avaliação em fevereiro e se, nessa altura, os estragos forem maiores que o esperado poderá haver um ajustamento da estratégia pois o BCE tem flexibilidade para tal. "Na minha opinião, é possível tanto recomeçar o PEPP como aumentar o envelope se se mostrar necessário".

Além destes dois decisores políticos da moeda única, também a presidente do BCE, Christine Lagarde, esteve esta quarta-feira num evento público, na conferência anual do Conselho Europeu de Risco Sistémico (ESRB, na sigla em inglês), mas escolheu focar-se nos riscos de longo prazo.

"Há ameaças conhecidas à estabilidade financeira que sempre estiveram no radar do ESRB, como tomada de risco sem limites, avaliações esticadas dos ativos e excessivo crescimento do crédito. Mas hoje também enfrentamos novos tipos de ameaças, que podem afetar profundamente a estabilidade financeira. Duas dessas destacam-se: alterações climáticas e ciber-incidentes", alertou Lagarde.

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