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Banco do Japão descarta usar helicóptero do dinheiro
Haruhiko Kuroda, governador do Banco do Japão, disse que não há nem a necessidade nem a possibilidade de adoptar o helicóptero do dinheiro.
As medidas que o Banco do Japão tem adoptado para espicaçar a inflação e o crescimento não têm convencido o mercado e os investidores começaram a apostar que a entidade liderada por Haruhiko Kuroda tivesse de reforçar os estímulos, através do helicóptero do dinheiro. Mas o governador do Banco do Japão referiu numa entrevista à BBC Radio 4, citada pela Bloomberg, que "não há necessidade nem possibilidade para o helicóptero do dinheiro".
O helicóptero do dinheiro é uma expressão popular na economia em que os bancos centrais despejam dinheiro directamente na economia em vez de o fazerem através do sistema financeiro, para estimularem a economia. Uma das formas de fazer esta medida levantar voo seria, por exemplo, o Estado japonês emitir dívida perpétua que seria comprada pelo banco central.
Essa hipótese foi considerada por Ben Bernanke como uma das armas mais poderosas para combater a deflação, segundo assessores económicos japoneses que se reuniram com o antigo presidente da Fed este mês. No entanto, Kuroda referiu que "neste momento, o Banco do Japão tem três opções: o alívio quantitativo, qualitativo e taxas de juro negativas", descartando activar o helicóptero.
Os comentários de Kuroda tiveram impacto no mercado, que começava a incorporar nos preços a possibilidade de novas medidas ainda mais agressivas por parte do Banco do Japão. O iene valoriza 0,56% face à moeda única para 0,00854 euros. Já o Stoxx Europe 600 perde 0,24%, deixando de negociar no valor mais alto das últimas quatro semanas. Os mercados accionistas têm valorizado nas últimas semanas, na expectativa de mais estímulos por parte dos bancos centrais, o que ajudou a conter os receios com o Brexit.
"Kuroda acabou por dar algum desapontamento ao mercado, que tinha alterado o seu sentimento e reflectido no preço a possibilidade de termos algo de grande dimensão do lado dos estímulos e que a primeira onda começaria no Japão", referiu Peter Garnry, responsável pela estratégia no mercado accionista do Saxo Bank, citado pela Bloomberg.