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Alavancagem nos fundos pode amplificar choques no mercado, alerta FMI

A alavancagem dos fundos de investimento é um dos aspectos que merece a atenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Relatório de Estabilidade Financeira.

Bloomberg
07 de Outubro de 2015 às 15:00
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Para contornar o actual ambiente de retornos baixos, os gestores dos fundos de investimento estão a aumentar o recurso a alavancagem através de derivados, frisa o FMI, no Relatório de Estabilidade Financeiro, publicado esta quarta-feira, 7 de Outubro.

 

Além deste aumento do recurso à alavancagem, o FMI destaca como factores agravadores dos riscos a falta de dados dos clientes e também da supervisão dos reguladores. Nos Estados Unidos, não há divulgação de informação detalhada sobre a alavancagem dos fundos de investimento e, na Europa, apenas alguns países têm regras sobre a informação que é prestada.

 

Por isso, o FMI aponta para a necessidade de implementação de regras de reporte de informação abrangente na indústria da gestão de activos, o que "daria aos reguladores os dados necessários para localizar os riscos da alavancagem".

 

Esse reporte de informação deveria incluir "informação suficiente sobre alavancagem (nível de liquidez, activos e derivados) para demonstrar a sensibilidade dos fundos aos grandes movimentos do mercado (por exemplo, os fundos de obrigações deveriam reportar a sua sensibilidade aos movimentos da taxa de juro e do mercado de crédito) e para facilitar a análise significativa dos riscos ao longo do sector financeiro", sublinha o relatório do FMI.

 

Além disso, o FMI apela também à adopção de uma "definição clara e comum de alavancagem", uma vez que esta varia entre as várias jurisdições. "As autoridades devem também certificar-se de que têm a infra-estrutura certa para recolher e interpretar esta informação, quer ao nível da entidade como de uma perspectiva da estabilidade financeira", realça o mesmo documento.

 

O FMI considera que o "excesso de alavancagem em algumas posições em derivados num conjunto de fundos de investimento regulados pode amplificar o impacto de resgates". Os activos sob gestão nestes fundos superam, actualmente, os 900 mil milhões de dólares (802,3 mil milhões de euros), ou cerca de 13% dos fundos de obrigações a nível mundial.

 

"Nas condições de baixa volatilidade dos últimos anos, os fundos de obrigações alavancados apresentam um perfil de risco similar aos índices de referência de títulos de dívida dos Estados Unidos", lembra o mesmo relatório. Contudo, este desempenho pode "mascarar os riscos da alavancagem", já que "o valor de mercado de algumas posições especulativas de derivados pode possivelmente não ter sido afectado pelo preço limitado", frisa.

 

Um número significativo destes fundos registam tanto uma "alavancagem relativamente elevada" como sensibilidade aos activos de dívida. E "esta convicção sugere o risco de que as perdas das posições altamente alavancadas em derivados podem acelerar com um aumento abrupto da volatilidade e dos prémios de risco e reforçar um círculo vicioso de vendas, resgates e volatilidade", alerta o Relatório de Estabilidade Financeira.

 

Mas o FMI destaca ainda outras fragilidades dos mercados que podem amplificar "o impacto de uma descompressão nos prémios de risco do mercado" e, assim, pesar na estabilidade financeira.

 

Por um lado, os preços das várias classes de activos estão a mover-se em "uníssono" naquela que o FMI qualifica como a maior correlação desde o início da Grande Recessão. A dívida dos mercados emergentes e as obrigações "high-yield" dos Estados Unidos são os activos "mais vulneráveis ao contágio dos preços", defende a entidade liderada por Christine Lagarde.

 

E, por outro lado, os fundos de investimento estão vulneráveis a "potenciais resgates de larga escala", com o risco de que estes se têm vindo a tornar "cada vez mais importantes na oferta de crédito no mercado de obrigações das empresas dos Estados Unidos", realça o FMI.

 

"A procura por retorno tem contribuído para o aumento da quota do retalho na dívida de empresas, que é detida em grande parte por fundos, para um terço, o nível mais elevado de sempre", explica o FMI que reitera o alerta de que estes fundos investem em activos relativamente ilíquidos. Nesse sentido, "a sua promessa de liquidez pode ser desafiada por elevadas saídas de fluxos e pode gerar um círculo vicioso de novas descidas dos preços e resgates", conclui o documento.

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