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O desabafo do líder da Binance: "Nem todas as empresas em Wall Street são o Madoff"
Numa altura que em França e nos EUA, os reguladores apertam o cerco à maior plataforma do mundo, o CEO da Binance aproveitou a carta aberta em que comemora os seis anos da plataforma para desabafar e dar o seu lado da história não só sobre este episódio recente, mas também sobre outros, tendo abordado a questão da exposição da empresa aos colapsos da FTX, do ecossistema Terra USD e do fundo Three Arrows Capital, entre outros.
"Nem todas as empresas de investimento em Wall Street são o Madoff". O CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ), não poupou nas palavras e atacou as autoridades que acusam a maior plataforma cripto do mundo de alegados atos ilícitos.
"Os reguladores ou agências noticiosas tentaram arduamente agrupar a Binance e a FTX. A isso, direi apenas: Nós somos diferentes. Nem todas as empresas de investimento em Wall Street são o Madoff", frisou CZ na carta aberta em que comemora os seis anos da plataforma e a que o Negócios teve acesso exclusivo em Portugal.
Recorde-se que no início de junho o supervisor norte-americano do mercado de capitais (na sigla inglesa SEC) processou tanto a Binance como CZ por alegadas violações relativas a operação sem registo, bem como mistura de ativos próprios e de clientes. No dia a seguir foi a vez da Coinbase.
Na missiva, o fundador da maior plataforma cripto do mundo não refere expressamente a SEC mas garante que "defenderemos o que consideramos correto, mesmo que tenhamos de o fazer em tribunal, para proteger continuamente os nossos utilizadores e promover o benefício da indústria". "Continuaremos a colaborar com as entidades reguladoras", garante o CEO da Binance.
Olhando para as crises que assolaram o mercado cripto nos últimos dois anos e que trouxeram o nome da Binance à baila, CZ revelou que depois do colapso do ecossistema de stablecoin algorítmica Terra USD e até hoje, "os tokens luna que recebemos ainda estão no endereço em que os recebemos originalmente, nunca foram movidos e nunca foram vendidos".
A Binance investiu no Terra em 2018, tendo mantido a sua carteira, sob ordem direta do CZ, intocada.
"Quando as coisas começaram a se desfazer em 2022, nossa equipa perguntou-me se deveríamos vender os tokens, eu disse: ‘não, vamos mantê-los’", conta o CEO na carta.
"Assim, vimos nosso investimento inicial de $3 milhões em 2018 transformar-se em 1.600 milhões de dólares no pico de 2021 do Terra e, em seguida, cair para perto de zero dólares em 2022.
No que toca à falência daquele foi um dos maiores fundos de cobertura de risco do mercado cripto, o Three Arrows Capital, a Binance confirma na carta que o fundo "tinha conta" na plataforma, mas que "fazia a maior parte das suas transações da FTX".
"A Binance não teve qualquer exposição à 3AC (Three Arrows). Não tinha empréstimos nem relações comerciais", defende CZ.
Relativamente ao "crash" da FTX e o envolvimento da Binance na tentativa de recuperar a plataforma e sua exposição à mesma.
"Quando a FTX faliu, tentámos ajudar. Assinámos uma LOI [carta de intenções] para fazer uma "due diligence" profunda, mas rapidamente descobrimos que não podíamos envolver-nos no negócio", explica CZ.
"Creio que, através das investigações exaustivas que devem ter sido feitas à FTX após a sua falência, deve ser claro que a Binance não teve qualquer envolvimento na FTX, ou teria havido muitas mais manchetes", sublinha o fundador da Binance.
Também no que toca à queda da Genesis e o colapso da plataforma cripto de empréstimos Celsius, cujo fundador foi detido (e libertado sob fiança esta semana) CZ repete o mantra e garante que "a Binance também não teve qualquer exposição ou envolvimento".
Por fim, empresário canadiano revela que até hoje a Binance "nunca recuperou os 10 milhões de dólares" que depositou na falida Voyager, após "por ser forçada a retirar-se do processo de licitação" da empresa cripto.