As medidas de incentivo à compra de casa por jovens está a refletir-se nos novos créditos: mais de metade foi assinada com devedores com idade entre 18 e 35 anos em fevereiro. O peso destas pessoas no total dos novos empréstimos deu um salto para 55%, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Os novos contratos de empréstimos a particulares aumentaram 196 milhões de euros, para um total de 2.459 milhões. Na finalidade habitação, o montante de novos contratos aumentou 132 milhões de euros, para 1.655 milhões de euros, com os jovens a reforçarem a representatividade neste segmento.

"O crédito concedido a mutuários com idade igual ou inferior a 35 anos representou 55% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos em fevereiro (excluindo os novos contratos para consolidação de crédito e as transferências de crédito para outra instituição), um peso 5 pontos percentuais acima do observado para janeiro", explica o supervisor, que realizou este mês um ajustamento dos dados para um "melhor acompanhamento do efeito das medidas públicas de apoio aos jovens na compra de aquisição própria permanente".

Esta evolução coincide com o segundo mês em que esteve em vigor a garantia pública, que se aplica sobre a aquisição da primeira habitação própria e permanente (de imóveis até aos 450 mil euros). O valor garantido pelo Estado - que se torna fiador do crédito - é o que vai além de 85% do valor da transação. Ou seja, possibilita que os bancos emprestem 100%, com o Tesouro a prestar garantia sobre 15%. Além da garantia pública, os cidadãos até aos 35 anos beneficiam, desde agosto, da isenção do IMT, do imposto de selo e de emolumentos.

72% dos créditos com taxa mista

No total dos novos empréstimos e "stock" de empréstimos concedidos a todos os particulares para habitação própria permanente, em fevereiro, 72% dos novos empréstimos à habitação foram contratados a taxa mista (isto é, com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período com taxa de juro variável). O peso dos contratos a taxa mista aumentou 2 pontos percentuais relativamente a janeiro. Em fevereiro, os contratos a taxa mista representavam 35% do "stock" de crédito à habitação.

A taxa de juro média das novas operações a taxa mista foi de 2,95% em fevereiro, menos 0,04 pp do que em janeiro. A taxa de juro média das novas operações a taxa variável foi a que mais reduziu (0,14 pontos percentuais, para 3,45%), ficando abaixo da verificada nas operações a taxa fixa, que se manteve relativamente estável nos 3,60%.

Com a Euribor a aliviar, acompanhando a redução das taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE), a prestação média mensal do "stock" dos empréstimos à habitação diminuiu 2 euros em fevereiro, fixando-se nos 410 euros, o valor mais baixo desde outubro de 2023. Já as renegociações de crédito foram de 477 milhões de euros, o que corresponde a uma redução de 73 milhões em relação a janeiro.

Considerando os empréstimos a empresas, em fevereiro, o montante de novas operações concedidos foi de 2.149 milhões de euros, 142 milhões de euros acima do registado no mês anterior. "Esta subida resultou dos novos contratos, que aumentaram 347 milhões de euros. Já os contratos renegociados diminuíram 205 milhões de euros", segundo o Banco de Portugal.

As novas operações de empréstimos até 1 milhão de euros atingiram 1.089 milhões de euros em fevereiro, mais 30 milhões do que em janeiro. As novas operações de empréstimos acima de 1 milhão de euros aumentaram 112 milhões de euros, para 1.060 milhões de euros. A taxa de juro média das novas operações de empréstimos às empresas subiu 0,09 pontos percentuais, passando de 4,24%, em janeiro, para 4,33% em fevereiro.

(Notícia atualizada às 11:35)