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Privacidade, segurança e livre circulação. Eis o que os europeus querem da moeda digital do BCE

O estudo do Banco Central Europeu divulgado hoje mostra aquilo que os europeus inquiridos querem para a moeda digital a ser emitida pela instituição. Membro do BCE diz que moeda tem de responder às necessidades dos europeus.

O BCE divulgou ontem o seu boletim económico no qual incluiu os resultados de um inquérito a grandes empresas.
Kai Pfaffenbach/Reuters
14 de Abril de 2021 às 14:27
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A moeda digital do Banco Central Europeu (BCE) terá de garantir a privacidade e a segurança dos europeus que a usem, de acordo com um estudo lançado nesta quarta-feira pela instituição, numa altura em que o debate sobre a sua emissão ganha força em todo o mundo. 

De acordo com o relatório, os 8.221 europeus questionados garantem que a principal prioridade é que a moeda digital garanta privacidade (43%), seguido de segurança (18%), a capacidade para ter utilizada em todos os países da região (11%), não comportar custos adicionais (9%) e ser possível usá-la num ambiente de internet desligada. 

Para o público em geral e para as empresas em particular que responderam a este inquérito aberto do BCE, a característica mais importante que a nova moeda deverá preservar é a 
privacidade, com uma em cada dez respostas a apoiarem que as transações sejam totalmente anónimas, à imagem do que acontece com a bitcoin, por exemplo. Contudo, ambos os grupos defenderam que terão de existir mecanismos que impeçam o uso ilícito desta moeda.

O BCE conclui que mais de dois terços dos inquiridos reconhecem a importância dos intermediários, de uma terceira parte, e indicam que a moeda deverá ser integrada nos sistemas bancários e de pagamento existentes, mas defendem que os pagamentos entre países devem tornar-se mais rápidos e baratos.

"Um euro digital só pode ter sucesso se atender às necessidades dos europeus", disse o membro do Conselho Executivo do BCE, Fabio Panetta, acrescentando que "faremos o nosso melhor para garantir que um euro digital atenda às expectativas dos cidadãos destacadas na consulta pública".

O inquérito esteve aberto entre os dias 12 de outubro de 2020 e 12 de janeiro de 2021, com a larga maioria dos participantes a serem cidadãos privados (94%). A maioria das respostas surgiram da Alemanha (47%), Itália (15%) ou França (11%). 

Moedas digitais a caminho
O frenesim com as criptomoedas e o modelo descentralizado que lhes serve de base - o "blockchain" - terá apressado o debate dos bancos centrais sobre a criação das suas próprias moedas digitais, estando já o debate em algumas regiões em níveis mais avançados.

Riksbank - o banco central da Suécia e o mais antigo do mundo -, publicou a primeira fase do seu projeto piloto para emitir pela primeira vez a moeda digital e-krona no início deste mês, num processo que se avizinha demorado e sem garantias de sucesso, alerta. 

Depois de prever um avanço neste capítulo a partir de 2018, agora o banco central garante que este projeto não estará concluído até ao início do próximo ano e estabeleceu como meta o ano de 2026, garantindo que irá continuar a tentar avançar com a emissão até esta data. 

No documento, pode ler-se que "o uso do dinheiro na Suécia está a diminuir" e o Riksbank vê "potenciais problemas a surgirem com o declínio do dinheiro e está, portanto, a executar um projeto para investigar a possibilidade de produzir um complemento digital para o dinheiro, a que chamamos de e-krona".

Mas existe ainda muita cautela na forma como se aborda a temática. Jerome Powell, líder da Reserva Federal dos Estados Unidos, disse, há umas semanas, que prefere estar certo, do que ser o primeiro a lançar uma moeda digital.

China lidera a corrida
A China será o país do mundo que está num patamar mais avançado em torno do lançamento da moeda digital. Depois de ter realizado vários testes durante a pandemia, agora, Pequim, está já a trabalhar com vários bancos internacionais para obter protocolos de circulação e utilização da moeda, como garante o The Economist.

Em maio do ano passado, a China tornou-se a primeira grande economia mundial a pôr em circulação a sua moeda digital. Batizada de e-RMB, nome dado à versão digital do renmibi, foi testada em quatro cidades: Shenzhen, Suzhou, Chengdu e Xiong’na, assim como noutras áreas que vão receber os Jogos Olímpicos de inverno de 2022.

A moeda vinha a ser preparada há vários anos. Contudo, o governo chinês viu agora, no decurso da pandemia, uma boa oportunidade para a lançar, numa operação que pode ser utilizada para dar mais controlo à China sobre a sua população, dando-lhe capacidade para registar cada compra que é feita.

Na altura dos testes, Paulo Duarte, professor convidado da Universidade do Minho, que viveu durante vários meses na China, disse ao Negócios que este seria "um passo natural e que vinha a ser preparado há muito tempo".


De acordo com o Central Bank Digital Currency, existem cerca de 60 países ou organizações estão na corrida pela criação das suas próprias moedas digitai.
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