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Petróleo e sanções levam rublo a queda histórica

A moeda russa registou segunda-feira a maior queda desde a crise de pagamentos de 1998. É o resultado de uma conjugação de pressões sobre a economia liderada por Vladimir Putin, e que tem na recente queda do preço do petróleo o gatilho mais imediato.

Bloomberg
01 de Dezembro de 2014 às 22:18
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Durante 2014, e na sequência do conflito na Ucrânia e das sanções económicas do Ocidente à Rússia, o banco central do país gastou vários milhares de milhões de rublos (reduzindo as reservas de mais de 500 mil milhões de rublos em 2013 para pouco mais de 400 mil milhões) para tentar suster o valor da moeda que, mesmo assim, afundou cerca mais de 40%.


Perante esta evolução, o banco central, liderado por  Elvira Nabiullina, anunciou a 10 de Novembro que deixaria de tentar contrariar o mercado, e que passaria a deixaria  a moeda flutuar livremente.


Desde então, e mesmo com o elevado risco de recessão – o banco central aponta para crescimento nulo em 2015 se as sanções se mantiverem – a moeda do país tinha conseguido ganhar algum valor. Mas essa resistência não aguentou a mais recente evolução do preço do petróleo – um recurso fundamental para o país – e em particular a decisão da OPEP, na quinta feira passada, de manter a produção, apesar das quedas nos preços do outro negro.

Não é possível ir
conta os fundamentais – se o petróleo colapsa dos 115 dólares de Junho para 70 dólares em Novembro, não há muito que
se possa fazer. 
Ivan Tchakarov
Economista do Citigroup


A moeda perdeu 9,3% desde então, dos quais 6,5 pontos ocorreram segunda-feira, 1 de Dezembro, destacou o Financial Times, classificando-a como a pior perda do rublo desde a crise de 1998, quando a economia entrou em incumprimento. 

 

"Uma parte significativa" dos especuladores saiu da moeda após a decisão do banco central de deixar a moeda flutuar, pelo que a evolução da última semana é "puramente" o resultado do preço do petróleo, disse à Bloomberg Vladimir Osakovskiy, economista do Bank of America, em Moscovo.


"Não é possível ir conta os fundamentais – se o petróleo colapsa dos 115 dólares de Junho para 70 dólares em Novembro, não há muito que se possa fazer", acrescenta Ivan Tchakarov, do Citigroup.


As exportações de petróleo e gás representam quase metade das receitas do Orçamento russo e 70% das exportações. A desvalorização da moeda tem o efeito positivo de compensar parte da perda que resulta da queda do preço do petróleo. Por outro lado, significa que todas as importações da Rússia ficam mais caras, e que a dívida externa das empresas e do Estado se torna mais difícil de pagar.


O debate entre economistas começa agora a ser o de saber se o banco central intervirá novamente no mercado – o que admitiu fazer se necessário para garantir a estabilidade financeira. Evgeny Shilenkov, da Veles Capital, também em Moscovo, diz que não, pois "a desvalorização do rublo compensará o preço do petróleo", defendeu em declarações por e-mail à agência.

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