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Lira turca aproxima-se de mínimos após alerta da Moody’s e cortes de rating

A agência de notação financeira cortou o rating de 18 bancos e mais duas instituições financeiras do país, e alertou para um aumento dos riscos.

AFP
Rita Faria afaria@negocios.pt 29 de Agosto de 2018 às 13:32
Depois da ligeira recuperação registada nas últimas duas semanas, a lira turca voltou para terreno negativo, estando em queda esta quarta-feira, 29 de Agosto, pela terceira sessão consecutiva. Nesta altura, a moeda turca cai 2,32% face ao dólar, elevando para quase 7% a descida acumulada desde o arranque da semana.

Esta evolução acontece depois de a agência Moody´s ter cortado o rating de 18 bancos e outras duas instituições financeiras do país e ter alertado para "um aumento substancial no risco de um cenário de queda".

Numa nota divulgada na terça-feira, a Moody’s refere que as descidas do rating "reflectem sobretudo um aumento substancial no risco de um cenário de queda, onde uma mudança ainda mais negativa no sentimento dos investidores poderá levar a uma redução do financiamento".

A agência de rating também nota que "o ambiente operacional da Turquia se deteriorou mais do que as anteriores expectativas", e que essa realidade "deverá continuar assim".

Recentemente, a Moody's já havia cortado o rating da Turquia em um nível, de Ba2 para Ba3, o terceiro nível de lixo, atribuindo-lhe uma perspectiva negativa.

Na nota de análise, a agência de notação financeira sublinha que, depois de anos de crescimento do PIB impulsionado pelo crédito, a combinação de condições financeiras mais apertadas e de uma moeda mais fraca está "a alimentar a inflação e a penalizar o crescimento".

A Moody's antecipa agora uma subida do PIB de 1,5% este ano e de 1% em 2019, e uma taxa de inflação de 20% em 2018 e de 14% no próximo ano. "No entanto, existe uma incerteza considerável e maiores riscos descendentes para as perspectivas de crescimento da Turquia, tanto a curto como a médio prazo. Um menor crescimento e uma lira turca mais fraca terão um impacto negativo na qualidade dos activos, rentabilidade e capital dos bancos", sublinha a agência.

Medidas do banco central não travam queda do sentimento

A evolução da lira, que se aproxima do mínimo histórico alcançado no passado dia 13 de Agosto, reflecte ainda o desapontamento do mercado com a forma como o banco central está a conduzir a política monetária.

Esta quarta-feira, a autoridade monetária anunciou alterações nas regras aplicadas ao financiamento interbancário que, na prática, reduzem a liquidez terminando com o financiamento irrestrito que está no terreno desde o dia 13 de Agosto.

"É mais uma medida de pura ilusão do banco central", refere Nigel Rendell, analista da Medley Global Advisors, citado pela Bloomberg. "A mudança tem como objectivo aliviar a pressão sobre o sistema bancário, em vez de tentar resolver o problema da Turquia, que é a inflação persistentemente elevada".

Para o analista, a queda da lira vai continuar até o banco central, que tem a sua próxima reunião agendada para 13 de Setembro, apertar definitivamente a política monetária. "Se o banco central quer travar esta queda e resolver o problema da inflação. Precisa de aumentar os juros em pelo menos 500 pontos base", aponta.

No final do mês passado, o banco central da Turquia surpreendeu o mercado ao anunciar a manutenção dos juros em 17,75%, depois da subida de 125 pontos base fixada em Junho, para tentar travar o aumento dos preços e a queda da moeda. As projecções apontavam, contudo, para uma nova subida na ordem dos 100-125 pontos depois de a inflação ter disparado para o nível mais alto dos últimos 14 anos.

A lira cai mais de 41% desde o início do ano e é, juntamente com o peso da Argentina, a moeda dos emergentes com pior desempenho em 2018.
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