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Berenberg inicia cobertura da Jerónimo Martins recomendando “vender”
A Jerónimo Martins vai continuar a ser pressionada pela deflação nos produtos alimentares e aumento da concorrência na Polónia, considera o Berenberg.
O banco Berenberg emitiu a primeira análise sobre as acções da Jerónimo Martins, recomendando "vender", com um preço-alvo de 8,00 euros, 20% abaixo dos actuais 10,015 euros. Na nota de "research" a que o Negócios teve acesso, os analistas consideram as previsões da retalhista demasiado optimistas e antevêem a continuação do impacto da deflação no sector alimentar e da concorrência na Polónia nos resultados da retalhista que detém a cadeia de supermercados Pingo Doce, em Portugal.
O Berenberg estima um resultado para 2017 das vendas "like-for-like" (LFL) - referentes ao mesmo perímetro comparável de lojas, sem contar com aberturas e encerramentos no período em análise – na Polónia de 10,3 mil milhões, face aos 11 mil milhões previstos pela empresa. "O objectivo a três anos parece demasiado optimista", afirmam os analistas Estelle Weingrod e Rupert Trotter, apesar de considarem os planos da Jerónimo Martins positivos.
"Vemos o decréscimo recente nas vendas LFL como um reflexo de mudanças estruturais no mercado polaco, em linha com os mercados maduros da Europa, intensificado pela deflação nos preços dos bens alimentares", afirmam os analistas. Para o Berenberg, a deflação nos preços dos bens alimentares e a concorrência intensa, que deverão persistir pelo menos no primeiro semestre, vão pesar nos resultados da Jerónimo Martins. O banco destaca ainda o crescimento económico na Polónia menor que o esperado, a desvalorização do zloty polaco e o impacto das hipotecas em francos suíços nos bancos polacos como factores de risco para as acções.
Os analistas prevêem que 2015 seja um ano de transição das políticas de promoções na Polónia, de "hard" para "soft-discount", para responder à alteração de perfil dos consumidores. Por ser líder no sector, a cadeia de supermercados da Jerónimo Martins na Polónia, Biedronka, é a mais exposta negativamente a esta alteração, alertam os analistas. "Apesar de apoiarmos a estratégia da Biendronka de desacelerar os planos de expansão na Polónia para aperfeiçoar a sua oferta, acreditamos que a densidade das vendas será afectada em 2015, pesando no crescimento das receitas e lucros", afirmam os analistas na nota de "research".
O Berenberg prevê uma diminuição do retorno do capital investido (ROIC) de 25% em 2013 para 19% em 2017. A condicionar o retorno estará o crescimento menor das vendas e a "pressão das condições de mercado mais adversas (deflação nos bens alimentares e acções comerciais) e de novos investimentos" nas margens de lucro. As margens de lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (EBIDTA) deverão cair 5,5% em 2015 devido às perdas na Colômbia e à cadeia de supermercados da retalhista na Polónia.
Tendo em conta estes factores, o Berenberg recomenda um preço-alvo de 8€, baseado numa previsão de crescimento dos lucros por acção de 6%, face aos 13,9% da indústria de retalho alimentar na Europa (excepto Reino Unido). As acções da Jerónimo Martins são "as menos preferidas" do grupo de quatro retalhistas que operam na Polónia analisadas pela delegação do Berenberg em Londres. Booker, Eurocash e Metro AG são as outras empresas avaliadas nesta análise.
As acções da Jerónimo Martins estão esta quarta-feira a cair 2,01% para 10,015 euros.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.