Notícia
Zomato dispara 80% em dia de estreia, em prova de fogo para a nova geração de tecnológicas indianas
As ações da empresa de entrega de refeições chegaram a disparar 80% no dia de estreia em bolsa. A Zomato é a primeira das empresas tecnológicas indianas da nova geração a ser negociada em bolsa, numa espécie de prova de fogo para o ecossistema no país.
Após um IPO de 1,3 mil milhões de dólares (oferta pública inicial, em inglês), que foi totalmente subscrito no primeiro dia e tornou-se no maior IPO da Índia este ano, o dia de estreia da Zomato como uma empresa cotada na bolsa de valores fica marcado por uma subida das ações de 80%.
A empresa, criada em 2008 por Deepinder Goyal e Pankaj Chaddah, é uma das empresas em destaque no setor tecnológico indiano. Focada na entrega de refeições através de uma aplicação para smartphone, a Zomato precisou de uma década para ser um unicórnio - uma empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares - marco que tem alavancado a presença da tecnológica em diversos mercados internacionais.
Esta sexta-feira, no primeiro dia de negociação na bolsa de valores de Mumbai, os títulos da Zomato arrancaram a negociação nas 76 rupias, cerca de 87 cêntimos, à conversão atual. Ao longo da sessão, as ações chegaram a tocar nas 138,90 rupias, cerca de 1,59 euros.
A estreia da Zomato como uma empresa cotada é encarada como uma prova de fogo para a nova geração de startups indianas, que já receberam milhões de dólares em rondas de investimento, com destaque para os investidores dos EUA e China. Depois do IPO, a estreia da Zomato é analisada à lupa pelas congéneres indianas, numa altura em que algumas startups indianas são apontadas como estando "na calha" para entrar em bolsa.
Uma das empresas apontadas para seguir os passos da Zomato num IPO é a empresa de pagamentos Paytm, apoiada pelo magnata chinês Jack Ma, ou a startup de comércio eletrónico Flipkart, detida pela gigante americana Walmart.
Analistas com dúvidas sobre a chegada aos lucros
À semelhança de outras empresas do segmento de entregas de refeições, também a Zomato viu um novo fôlego nos números de utilizadores devido à pandemia. E, a seguir os passos de empresas como a DoorDash ou a Deliveroo, também decidiu dar o salto e tornar-se numa empresa cotada.
Mas, tal como sucede com outros unicórnios, a Zomato tem registado resultados financeiros com prejuízos, levantado dúvidas sobre a rentabilidade da empresa. Nos nove meses até dezembro de 2020, segundo o prospeto do IPO, a Zomato contabilizava perdas de 6,82 mil milhões de rupias, cerca de 78 milhões de euros. Com cinco mil empregados, a Zomato está presente em vários mercados internacionais, com presença em 525 cidades.
A capacidade de passar dos prejuízos aos lucros é, assim, uma das dúvidas na mente dos analistas. "Esta é a primeira empresa na Índia, na minha memória, que passou um IPO na Índia sem apresentar uma rupia de lucros", indicou SR Srinivasan, conselheiro independente de investimento, ao Financial Times. "Isto demonstra um nível de maturidade no mercado. Esperançosamente, espero que seja positivo, mas estou cauteloso".
Também ao FT, Roopa Venkatakrishnan, diretor da Sapient Wealth Advisors and Brokers, nota que "há muito dinheiro a correr" no ecossistema de startups indiano, mas que é "necessário olhar para o fundamental: há rentabilidade, a empresa é boa?". "A rentabilidade, devido à forma como o negócio funciona, só pode chegar daqui a talvez dois, três, quatro anos." Este responsável salienta ao FT que, "com a euforia de hoje, as pessoas estão a investir com uma visão a muito curto prazo".
Além destas dúvidas, há ainda outras duas questões que levantam interrogações na indústria. Em primeiro lugar, a vontade que o Governo indiano já demonstrou vontade de querer mudar as regras para exercer maior controlo no que toca ao uso de dados e também ao investimento estrangeiro. No ano passado, o Governo apresentou regras que pretendem fazer com que os investidores estrangeiros necessitem de uma aprovação por parte do regulador - foi, aliás, desta forma que a Zomato foi impedida de receber um novo financiamento por parte do Ant Group de Jack Ma.
Outro motivo de dúvida é a situação pandémica no mercado indiano. Os analistas já apontam que, comparado com outros mercados, o valor por encomenda na Índia é relativamente baixo. Caso os surtos acalmem e as pessoas regressem aos restaurantes, dispensando as entregas de refeições, o impulso ao negócio da Zomato trazido pela covid-19 poderá acalmar.
A empresa, criada em 2008 por Deepinder Goyal e Pankaj Chaddah, é uma das empresas em destaque no setor tecnológico indiano. Focada na entrega de refeições através de uma aplicação para smartphone, a Zomato precisou de uma década para ser um unicórnio - uma empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares - marco que tem alavancado a presença da tecnológica em diversos mercados internacionais.
A estreia da Zomato como uma empresa cotada é encarada como uma prova de fogo para a nova geração de startups indianas, que já receberam milhões de dólares em rondas de investimento, com destaque para os investidores dos EUA e China. Depois do IPO, a estreia da Zomato é analisada à lupa pelas congéneres indianas, numa altura em que algumas startups indianas são apontadas como estando "na calha" para entrar em bolsa.
Uma das empresas apontadas para seguir os passos da Zomato num IPO é a empresa de pagamentos Paytm, apoiada pelo magnata chinês Jack Ma, ou a startup de comércio eletrónico Flipkart, detida pela gigante americana Walmart.
Analistas com dúvidas sobre a chegada aos lucros
À semelhança de outras empresas do segmento de entregas de refeições, também a Zomato viu um novo fôlego nos números de utilizadores devido à pandemia. E, a seguir os passos de empresas como a DoorDash ou a Deliveroo, também decidiu dar o salto e tornar-se numa empresa cotada.
Mas, tal como sucede com outros unicórnios, a Zomato tem registado resultados financeiros com prejuízos, levantado dúvidas sobre a rentabilidade da empresa. Nos nove meses até dezembro de 2020, segundo o prospeto do IPO, a Zomato contabilizava perdas de 6,82 mil milhões de rupias, cerca de 78 milhões de euros. Com cinco mil empregados, a Zomato está presente em vários mercados internacionais, com presença em 525 cidades.
A capacidade de passar dos prejuízos aos lucros é, assim, uma das dúvidas na mente dos analistas. "Esta é a primeira empresa na Índia, na minha memória, que passou um IPO na Índia sem apresentar uma rupia de lucros", indicou SR Srinivasan, conselheiro independente de investimento, ao Financial Times. "Isto demonstra um nível de maturidade no mercado. Esperançosamente, espero que seja positivo, mas estou cauteloso".
Também ao FT, Roopa Venkatakrishnan, diretor da Sapient Wealth Advisors and Brokers, nota que "há muito dinheiro a correr" no ecossistema de startups indiano, mas que é "necessário olhar para o fundamental: há rentabilidade, a empresa é boa?". "A rentabilidade, devido à forma como o negócio funciona, só pode chegar daqui a talvez dois, três, quatro anos." Este responsável salienta ao FT que, "com a euforia de hoje, as pessoas estão a investir com uma visão a muito curto prazo".
Além destas dúvidas, há ainda outras duas questões que levantam interrogações na indústria. Em primeiro lugar, a vontade que o Governo indiano já demonstrou vontade de querer mudar as regras para exercer maior controlo no que toca ao uso de dados e também ao investimento estrangeiro. No ano passado, o Governo apresentou regras que pretendem fazer com que os investidores estrangeiros necessitem de uma aprovação por parte do regulador - foi, aliás, desta forma que a Zomato foi impedida de receber um novo financiamento por parte do Ant Group de Jack Ma.
Outro motivo de dúvida é a situação pandémica no mercado indiano. Os analistas já apontam que, comparado com outros mercados, o valor por encomenda na Índia é relativamente baixo. Caso os surtos acalmem e as pessoas regressem aos restaurantes, dispensando as entregas de refeições, o impulso ao negócio da Zomato trazido pela covid-19 poderá acalmar.