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Wall Street regressa aos ganhos com maior apetite pelo risco
Os principais índices bolsistas norte-americanos encerraram em alta, sustentadas pela melhoria do apetite dos investidores por ativos de risco.
O índice industrial Dow Jones fechou a somar 1,60% para 35.492,70 pontos. No passado dia 8 de novembro, recorde-se, tocou nos 36.565,73 pontos pela primeira vez na sua história.
Já o Standard & Poor’s 500 avançou 1,78% para terminar nos 4.649,23 pontos. No dia 22 de novembro estabeleceu o valor mais alto de sempre, nos 4.743,83 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite valorizou 2,40% para se fixar nos 15.341,09 pontos. Na negociação intradiária de 22 de novembro, recorde-se, atingiu um novo máximo histórico nos 16.212,23 pontos.
As bolsas do outro lado do Atlântico foram essencialmente impulsionadas pela melhoria do apetite dos investidores por ativos de risco. Isto num dia de novas declarações sobre a eficácia de uma terceira dose das vacinas da Pfizer e da Moderna contra a variante ómicron do coronavírus.
As cotadas do setor energético lideraram os ganhos do S&P 500, numa sessão em que os preços do petróleo recuperaram do tombo da véspera e subiram mais de 3%.
Destaque também para a Micron Technology, a maior fabricante norte-americana de chips de memória, que disparou 10,54% para 90,68 dólares, depois de reportar resultados trimestrais acima do esperado e ter previsto receitas e lucros para o trimestre em curso que ficaram acima das expectativas.
Também a Nike ganhou terreno, a somar 6,15% para 166,63 dólares, depois do anúncio de um aumento das suas vendas na América do Norte, o que compensou a queda das receitas na China.
"Depois do vermelho carregado de segunda-feira, que marcou o pior registo do S&P500 das últimas três semanas e que culminou com a pior série de três dias deste índice desde setembro, os investidores estiveram hoje um pouco mais optimistas, pelo menos o suficiente para levantarem a moral dos touros, recuperando boa parte das perdas de ontem", destacou Marco Silva, consultor da ActivTrades, na sua análise diária.
Contudo, referiu, "este alívio poderá ser apenas aparente e, na prática, uma retoma passageira, isto porque os fundamentos que levaram o mercado a navegar rio abaixo recentemente continuam válidos, e sem grandes perspectivas de serem anulados, sejam eles de natureza económica, de política monetária ou até mesmo sobre o tema da progressão da pandemia de covid".
"Se não vejamos: no campo da saúde pouco mais se sabe do que há umas semanas, apenas que aparentemente a nova variante da covid, a ómicron, é mais contagiosa mas menos gravosa nos efeitos secundários, ou seja provoca menos hospitalizações e óbitos, o que na realidade acaba por ser uma notícia até positiva, pois não obstante ser indesejável o aparecimento de mais uma nova vaga, dada a elevada taxa de transmissibilidade desta estirpe, rapidamente tomará o lugar da variante delta, essa sim mais gravosa nas consequências", acrescentou.
"Na economia as incertezas mantêm-se, com a imprevisibilidade da pandemia nos próximos meses. Apesar de os EUA não caminharem para uma fase de restrições, como ocorre em alguns países na Europa, houve o fracasso do acordo dentro do partido democrata para a aprovação de um novo pacote de investimentos, o que reduziu desde já as perspectivas de crescimento para 2022 de algumas casas de investimento, como a Goldman Sachs".
"Por último, mas provavelmente mais importante no curto prazo, está o tema da redução da liquidez, que já era previsível que viesse a impactar negativamente o mercado e é de esperar que assim continue à medida que a Fed implementa o fim das compras de activos, que ascendiam aos 120 mil milhões de dólares mensais, incluindo dívida hipotecária, querendo isto dizer que é expectável que o mercado imobiliário venha também a sofrer uma redução de actividade", rematou Marco Silva.