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Wall Street em queda pela quarta sessão. É o pior ciclo do ano
As bolsas norte-americanas encerraram em baixa, pela quarta sessão consecutiva, naquele que é o pior ciclo de descidas deste ano. E foram sobretudo penalizadas pelo facto de o BCE ter cortado as estimativas para a Zona Euro, além de mudar o seu discurso sobre os juros e ter anunciado uma nova ronda de empréstimos baratos, o que intensificou os receios em torno do crescimento económico mundial.
O Dow Jones fechou a ceder 0,78% para 25.473,23 pontos e o Standard & Poor’s 500 perdeu 0,81% para 2.748,93 pontos.
Já o tecnológico Nasdaq Composite recuou 1,13%, para 7.421,46 pontos.
Tratou-se da quarta sessão seguida de desvalorização e as bolsas americanas ainda não tinham caído tantos dias seguidos este ano.
As praças do outro lado do Atlântico estiveram a ser pressionadas pelas notícias vindas da Europa. O BCE reviu em baixa as estimativas de crescimento para o bloco do euro e alterou o discurso em relação à política monetária (garantiu que os juros vão ficar em mínimos históricos até ao final de 2019 e anunciou um novo programa de financiamento para a banca), que sinaliza preocupações crescentes com a evolução da economia.
"Começamos a perguntar-nos durante quanto tempo podem os Estados Unidos ser o único cavalo a puxar a economia mundial para a frente", comentou à Reuters o CEO da Horizon Investment Services, Chuck Carlson.
"As notícias provenientes do BCE sinalizam, obviamente, que talvez não tenhamos grande ajuda da Europa" nesse sentido, acrescentou.
Por outro lado, há também os receios quanto ao panorama do crescimento económico dos EUA, isto depois de os mais recentes dados apontarem para um abrandamento.
Os investidores aguardam agora com expectativa a divulgação, amanhã, dos dados relativos ao emprego em fevereiro.
A criação de emprego no mercado norte-americano deverá ter registado uma moderação no mês passado. Segundo a Bloomberg, a taxa de desemprego deverá ter baixado em fevereiro para 3,9%, contra os 4% registados um mês antes.
Serão ainda divulgadas as novas licenças de construção nos EUA, relativas a janeiro.
Também a falta de notícias concretas na frente comercial continua a refrear o mercado. Os índices bolsistas norte-americanos estiveram a subir à boleia da expectativa de um acordo comercial entre a China e os EUA, mas estão agora a acusar algum cansaço por não haver informações mais detalhadas sobre o potencial entendimento entre as duas maiores economias do mundo.
As bolsas de Wall Street têm estado assim a perder algum fôlego, depois do forte ‘rally’ com que arrancaram o ano e que foi em grande medida alimentado pela perspetiva de um entendimento comercial entre Washington e Pequim.
O S&P 500 sobe 10% no acumulado do ano, mas os investidores dizem que não se sabe ainda o que poderá motivar uma próxima subida das ações.
"A escalada no mercado bolsista norte-americano acusa algum cansaço", declarou à Reuters um estratega do CIBC U.S. Private Wealth Management, Brant Houston.
A pressionar as praças norte-americanas estiveram especialmente as cotadas do setor tecnológico, com a Amazon, Apple, Facebook e Microsoft entre as que mais influenciaram a tendência negativa.