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Presos em casa, milionários aumentam negócios da banca privada
De repente, os super-ricos da Ásia têm tempo de sobra.
O coronavírus obrigou muitos deles a trabalhar de casa, cancelar viagens e evitar os campos de golfe. Com isso, os milionários têm agora mais tempo para negociar ações neste contexto de turbulência, aumentando a receita do Citigroup e de outros bancos da região.
"Os clientes estão inquietos", disse Jyrki Rauhio, chefe de private banking para o sul da Ásia do Citigroup. "Agora viajam menos e têm mais tempo para olhar para os mercados e rever os seus portefólios".
O Citigroup, com sede em Nova Iorque, faz parte do grupo que inclui UBS e JPMorgan Chase e cujo volume de trading disparou este ano, apesar de o vírus ter abaldo os mercados em todas as classes de ativos. O aumento da negociação ajudou a aliviar o impacto da crise de saúde que paralisou partes dos negócios bancários na Ásia, de fusões a ofertas públicas iniciais, e bloqueou a movimentação de banqueiros de investimento em todo o mundo.
"Duvido que a volatilidade vá desaparecer em breve", disse Mark Matthews, chefe de research na Ásia do banco suíço Bank Julius Baer, em Singapura, acrescentando que os clientes têm procurado produtos estruturados, como derivados e opções, para limitar as perdas. "Algumas dessas (transações, especialmente produtos estruturados) são uma forma de proteção, fornecendo uma espécie de almofada".
A volatilidade do mercado tem deixado os traders ocupados. A atividade de corretagem do JPMorgan na divisão de private bank na Ásia aumentou mais de 30% em fevereiro em relação ao ano anterior, com os clientes ricos a negociarem mais, segundo Kam Shing Kwang, presidente regional da unidade.
"A atividade dos clientes tem sido boa até agora", disse Kwang em entrevista. "A tendência depende de quanto tempo o surto do coronavírus vai durar".
As fortes oscilações das ações refletem-se nos dados de negociação das bolsas. Cerca de 49,1 mil milhões de ações do índice MSCI Asia Pacific mudaram de mãos a 26 de fevereiro, o nível mais alto alguma vez registado, segundo dados compilados pela Bloomberg.