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Montepio escala 21% e vale tanto como em Agosto de 2015
As unidades de participação do Montepio continuaram hoje a subida abrupta iniciada a meio da sessão de ontem. Trocaram de mãos quatro vezes mais títulos da caixa económica do que na sessão anterior.
Mais uma sessão, mais uma escalada. O Montepio voltou a fechar com uma forte valorização. Desta vez, depois do ganho de 46% da sessão de ontem, esta quarta-feira as unidades de participação somaram 21,29%.
Durante a sessão de terça-feira, as unidades de participação até começaram a descer, chegando a deslizar mais de 14%. Contudo, logo subiram para chegarem a tocar nos 0,95 euros. Não acontecia desde Fevereiro de 2014, pouco depois de estas unidades se terem estreado em bolsa.
No fecho, as unidades da caixa económica sob o comando de José Félix Morgado (na foto) encerraram a valer 0,752 euros, uma cotação a que não ascendiam desde o último dia de Agosto de 2015. Nesse dia, o Montepio apresentava os prejuízos do primeiro trimestre daquele ano, já com o gestor na sua liderança, substituindo António Tomás Correia.
A 31 de Agosto, estava já prestes a entrar em vigor o novo regime jurídico das caixas económicas, que tinha como uma das possibilidades o facto de o Banco de Portugal poder obrigar as maiores caixas a transformarem-se em sociedades anónimas. Foi o que aconteceu com o Montepio.
"O objectivo da Caixa Económica Montepio Geral é gerar valor; é ter a melhor performance possível que deixe em aberto todas as possibilidades", eram palavras de Félix Morgado ao Negócios. Uma das possibilidades era a abertura de entrada de novos accionistas privados. Só em 2017 essa transformação em sociedade anónima foi decidida, ainda aguardando novos desenvolvimentos, nomeadamente esperando-se que se efective o registo na conservatória.
Volume quatro vezes superior
Enquanto isso não acontece, as unidades de participação estão a subir na Bolsa de Lisboa. Essa mudança vai implicar o fim do fundo de participação, cujas unidades estão admitidas à negociação e cotadas na Bolsa de Lisboa. Neste momento, existem 400 milhões de unidades de participação admitidas à negociação, sendo que a grande maioria, cerca de 285 milhões, pertencem à associação mutualista. As restantes 115 milhões de unidades estão dispersas por outros investidores.
Hoje, trocaram de mãos praticamente 873 mil unidades de participação, quatro vezes mais do que as 218 mil trocadas ontem e ainda mais acima da média diária, do último semestre, de 169 mil títulos transaccionados.
São estas unidades que, nos últimos dois dias, foram alvo de uma forte valorização bolsista sem que tivesse sido divulgado um facto relevante – subidas que obrigaram a fazer uso do congelamento automático da negociação, concretizado pela gestora da bolsa de Lisboa, a Euronext, quando se registaram oscilações superiores a 10% face ao fecho anterior ou de 2% em relação ao negócio imediatamente anterior.
Com a transformação, e com a conversão em acções, a partir do momento em que estas passam a estar admitidas à negociação, podem ser transaccionadas, ainda que o regime jurídico das caixas económicas obrigue a que seja uma instituição do terceiro sector a deter mais de 50% do seu capital. Neste momento, é público que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assumiu que iria estudar um eventual investimento ou parceria com o Montepio, mas nada foi ainda concretizado.
Até aqui, e embora a CMVM esteja a acompanhar a situação, não há novidades em relação ao que poderá estar a motivar estas variações bolsistas do Montepio, que não são acompanhadas, ao mesmo nível, pelas restantes empresas do índice PSI-20.
(Notícia actualizada às 17:01 com mais informações)