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Mercados vão gostar do novo líder da Fed?
Jerome Powell, o futuro presidente do maior banco central do mundo, é considerado moderado, em termos de política monetária e económica. É visto como uma escolha de continuidade e, por isso, não se espera um impacto significativo nos mercados.
Tal como se esperava nos últimos dias, Donald Trump nomeou Jerome Powell como futuro presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos. Uma escolha que dá aos investidores uma perspectiva de continuidade na política monetária e que não deverá ditar grandes oscilações no mercado. Os índices de Wall Street deverão manter, assim, a escalada que já dura há oito anos e que os tem mantido em recordes.
Jerome Hayden "Jay" Powell foi anunciado esta quinta-feira como o 16.º presidente da Reserva Federal norte-americana. Tal como já se esperava, Donald Trump apontou o nome do republicano de 64 anos, que está na Fed desde 25 de Maio de 2012, como o sucessor de Janet Yellen.
As bolsas norte-americanas têm atingido máximos históricos sucessivos nas últimas semanas. O tecnológico Nasdaq lidera os ganhos, acumulando uma subida de 25%, desde o início do ano. Já o Dow Jones aprecia 19%, enquanto o S&P500 sobe mais de 15%. O facto de Powell ser visto como "um seguidor dos passos de Yellen dá um sentido de continuidade ao mercado", afirmou Andrea Ianelli à CNBC. O director de investimentos da Fidelity International alerta, contudo, que "o que pode assustar o mercado é se virmos algum descarrilamento nas negociações fiscais que decorrem em Washington".
Um mocho sábio entre pombas e falcões
Jerome Powell foi banqueiro de investimento e actualmente é membro do Conselho de Governadores da Fed, o órgão de administração do Sistema da Reserva Federal, tendo sido nomeado durante a presidência de Barack Obama.
Na gíria da política monetária, imperam as pombas (que querem manter as taxas de juro em níveis baixos e promover o crescimento do emprego) e os falcões (são a favor de juros mais altos para controlar a inflação).
Janet Yellen é tida como pertencendo ao primeiro grupo por ser apologista de medidas de estímulo à economia [mesmo que isso faça subir a inflação acima do que se desejaria – o que, de qualquer das formas, não aconteceu, pois a inflação está ainda longe da meta proposta pela Fed].
Já Jay Powell, como é conhecido nos círculos económicos, é tido como tendo uma postura mais "hawkish", sobretudo por não defender um endurecimento monetário em nome da estabilidade financeira. No entanto, também advoga ideias que pendem mais para o lado "dovish", sendo por isso considerado um homem que está quase no meio-termo. Powell apoia, por exemplo, a recente ortodoxia da Fed, nomeadamente a subida gradual dos juros directores, sublinha o Financial Times.
Richard Fisher, ex-presidente da Fed de Dallas, considera, pois, que Powell não é "nem falcão nem pomba". "Costumava dizer que todos queremos ser mochos sábios. E penso que Powell se encaixa muito bem nessa categoria", sublinhou em declarações ao New York Times.
Ainda segundo Fisher, Powell é um moderado por defeito. "Durante um jantar, tentei que ele bebesse mais de dois copos de vinho, mas não o fez", recordou.
Powell foi também vice-secretário do Tesouro, sob a presidência de George W. Bush, tendo tido a seu cargo a monitorização da regulação bancária, do mercado obrigacionista e outros domínios similares às responsabilidades que ocupou depois no banco central, relembra a CNBC.
Agora que Powell foi nomeado terá de ser confirmado pelo Senado, e será o primeiro presidente da Fed, em quase quatro décadas (desde 1981), que não é licenciado em Economia, salienta a Fortune.
As ideias de Jerome Powell, especialmente no que diz respeito à regulação, poderão suscitar alguma oposição por parte de alguns conservadores no Senado – 21 dos quais votaram contra a sua confirmação como membro do Conselho de Governadores da Fed em 2014, frisa o NYT.