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Jerónimo Martins recua para mínimos de 2012
As acções da Jerónimo Martins já estiveram a deslizar mais de 5%, atingindo um mínimo de Outubro de 2012. A contribuir para este comportamento está a divulgação das vendas de 2013, que está a ser mal recebida pelos investidores. Os analistas destacam a surpresa negativa da Polónia, mas continuam "positivos" no longo prazo em relação à dona do Pingo Doce.
As acções da Jerónimo Martins estão a descer 3,68% para 13,485 euros, esta é a queda de fecho mais acentuada desde 31 de Outubro do ano passado, dia marcado pela apresentação de resultados dos primeiros nove meses do ano.
Mas os títulos já estiveram a cair mais de 5% para 13,25 euros, o que corresponde ao valor mais baixo desde Outubro de 2012, altura também marcada pela apresentação de resultados dos primeiros nove meses daquele ano e em que a empresa deu conta de um abrandamento do mercado polaco.
Ontem, segunda-feira, 13 de Janeiro, foi a vez da empresa liderada por Pedro Soares dos Santos apresentar as receitas de 2013. As vendas preliminares da dona do Pingo Doce ascenderam a 11,8 mil milhões de euros, um crescimento de 11% no ano, com a Biedronka a voltar a ser o "motor" deste crescimento.
Mas os números parecem não estar a convencer os investidores. A JPMorgan já emitiu mesmo uma nota de análise onde corta a recomendação para as acções da Jerónimo Martins para “neutral”.
O analista do CaixaBI, André Rodrigues, realça que as vendas na Polónia no quarto trimestre tiveram uma “performance abaixo do estimado”, admitindo que este factor pese na negociação das acções “num momento inicial”.
O analista salienta que o crescimento trimestral de 2,5% nas vendas na Polónia “reflectiu essencialmente a significativa desaceleração da inflação interna”. Esta questão da desaceleração da inflação é referida também pelo BPI, bem como pelo BESI, de acordo com as notas de análise divulgadas esta terça-feira.
"Mantemos uma visão de médio/longo prazo positiva na empresa, devendo as vendas comparáveis na Polónia ter uma aceleração ao longo de 2014", sublinha o CaixaBI. No que respeita ao mercado interno, o CaixaBI considera que este está a mostrar resiliência, em resultado da estratégia de promoções adoptada no Pingo Doce.
“Portugal continua a verificar um desempenho sólido, mas o ambiente de concorrência difícil na Polónia levou a que as vendas comparáveis na Biedronka voltassem a surpreender pelo lado negativo.”
O Barclays emitiu uma nota de análise em que comenta "o final de ano difícil" da unidade polaca da Jerónimo Martins. O banco assumiu uma postura mais "cautelosa" e cortou a previsão de vendas em 3% e 5%, em 2014 e 2015, respectivamente.
“Existem poucos indícios de que o ambiente vá melhorar e que a pressão sobre a Jerónimo Martins diminua no curto prazo”, comenta o banco britânico, dizendo que prevê uma contracção da margem do EBITDA nos próximos dois anos.
Os analistas José Rito e Bruno Bessa do BPI continuam “positivos no longo prazo” em relação à Jerónimo Martins, prevendo melhorias nas vendas, no segundo trimestre, e perspectivas macroeconómicas mais positivas e uma rentabilidade estável. Contudo, uma vez que a Jerónimo Martins “as dificuldades, no curto prazo, na Polónia” devem travar a acção “até serem divulgadas boas notícias.”
O BPI tem um preço-alvo de 18,70 euros para a Jerónimo Martins e uma recomendação de “comprar”.
O BESI também manteve a recomendação da “comprar” e o preço-alvo de 16,4 euros, numa altura em que o analista Filipe Rosa acredita que “a concorrência na Polónia deve normalizar este ano”, com o mercado a beneficiar de um contexto macroeconómico mais animador. “Contudo, provavelmente precisaremos de ver alguns sinais desta melhoria para o desempenho das acções”, admite o BESI.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
(Notícia actualizada às 8h55 com comentários dos analistas. Actualização às 12h45 com mais comentários de analistas)