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Instabilidade política afunda sector bancário. Quedas superam os 10%
A instabilidade política gerada pela demissão de Paulo Portas está a provocar uma verdadeira razia no mercado bolsista português. A banca é, sem dúvida, o sector mais penalizado ao registar quedas que já superam os 10%. O Banif cai mais de 40%.
Às 8h00, quando teve início a sessão do mercado português, o cenário era já de verdadeira queda livre. Os bancos - sector mais sensível à crise política - abriram com quedas que variavam entre os 10% do BES e do BPI e os 42% do Banif.
A tendência de forte queda mantém-se e arrasta a bolsa nacional para uma queda muito próxima dos 6%. Neste momento, menos de uma hora após o início da sessão, os títulos do Banco Comercial Português são os que mais desvalorizam ao registarem uma queda de 12,9%. As acções do banco negoceiam nos 8,1 cêntimos e já foram transaccionados 142 milhões de títulos.
O Banco Espírito Santo perde 11,6% para os 54,1 cêntimos e o Banco BPI recua 10,54% para os 80,6 cêntimos. O Banif, que iniciou o dia a perder 42,39%, cai agora 6,52% para 8,6 cêntimos.
O sector prolonga a queda iniciada esta terça-feira após ser conhecido que Paulo Portas tinha apresentado a demissão de ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros.
A notícia apanhou de surpresa os mercados e os investidores. Os analistas antecipam um Verão conturbado, recomendando prudência aos investidores, pelo menos até que cenário político fique mais claro.
"Caso avancemos para eleições antecipadas, vamos ter de recuperar a confiança depositada pelo mercado em Vítor Gaspar e neste Governo, o que vai demorar", defende Diogo Teixeira. O administrador da Optimize considera que "vamos estar novamente sob o escrutínio dos investidores", pois um novo governo "terá sempre de demonstrar a sua seriedade e capacidade em trabalhar de forma construtiva com a Troika, para reconquistar a confiança dos mercados".
A indefinição deverá arrastar-se nos próximos dias, depois de o primeiro-ministro Passos Coelho ter tentado segurar o governo, ponderando mesmo a apresentação de uma moção de confiança, na Assembleia da República. Perante este impasse, Pedro Lino, administrador da Dif Broker, considera que "a atitude mais indicada para os investidores é esperarem e absterem-se de investir até o cenário político estar mais claro". O mesmo especialista realça que "a instabilidade política deve ter um impacto bastante negativo nos próximos dias, com o sector financeiro a ser o mais penalizado".
(Notícia actualizada às 09h11)