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CAP exige ao Governo que proteja fileira do vinho face a guerra de tarifas
Exportações de vinho português foram na ordem dos 100 milhões de euros em 2024. CAP diz que o Governo tem "obrigação de facilitar a abertura de mercados alternativos", desde logo com o reforço de verbas destinadas à promoção fora de portas.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) exige ao Governo que "proteja ativamente a fileira do vinho português", "fortemente penalizada" na sequência da guerra de tarifas entre os Estados Unidos e a União Europeia, instando-o a "apresentar um plano robusto", no curto prazo, que reforce as verbas destinadas à promoção para que o setor possa crescer noutros mercados externos.
Em comunicado, enviado às redações, a CAP sustenta que o Governo, apesar de demissionário, possui todas as competências e condições" para proteger a fileira do vinho português, que "contabiliza mais de 300 mil operadores em todos os elos da cadeia de valor, desde a produção à venda". Com efeito, não são apenas os produtores que exportam para os EUA que são afetados, é toda a fileira que perde com a degradação de condições comerciais e de mercado daí decorrentes", enfatiza.
Em causa está a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um aumento de 200% das tarifas sobre vinhos europeus, em resposta ao anúncio da União Europeia que, em jeito de retaliação contra o aumento das tarifas sobre as importações de aço e alumínio, anunciou que vai impor taxas sobre produtos vindos dos EUA tais como bourbon.
Apesar de lembrar que existe uma Organização Mundial do Comércio para procurar resolver os diferendos entre os Estados-Membros, a CAP sustenta que "a União Europeia não pode obviamente assistir impávida a imposições de tarifas aduaneiras por qualquer Estado e deve responder rápida, proporcional, mas inteligentemente a qualquer ataque aos seus interesses", embora apele a que haja um racional por detrás das decisões.
"Retaliar por retaliar, não cuidando das consequências para a economia e para a sociedade é algo que, em absoluto, tem que ser evitado por quem nos governa, em Portugal e em Bruxelas. Nesse sentido, o Governo português deve contribuir para minimizar esta situação, exigindo de Bruxelas uma reponderação cuidadosa dos produtos abrangidos".
Além disso, "porque o setor não pode ficar à espera que este problema se resolva - ou que outro entretanto surja - é imprescindível que o Governo elabore um plano robusto de reforço financeiro para a promoção dos vinhos portugueses para que as empresas possam ter capacidade de ganhar quota em mercados alternativos de exportação", diz, recordando que, no ano passado, as exportações de vinho para o mercado norte-americano valeram cerca de 100 milhões.
"Sem prejuízo de a situação das tarifas UE/EUA poder vir a ser pontualmente resolvida, não existem quaisquer garantias de que uma vez o problema ultrapassado ele não regresse ainda com mais força", pelo que "lidar com a imprevisibilidade obriga a agir de forma ágil e célere e o Governo tem, por isso, a obrigação de facilitar a abertura de mercados alternativos para as exportações de vinho português". E isso - aponta - "faz-se com o reforço de verbas para a promoção para que as associações e os empresários possam fazer aquilo que sempre fizeram em momentos de crise e de dificuldade: procurarem mercado para continuarem a estar em atividade, assegurando emprego e a criação de riqueza".