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Galp triplica retorno em dez anos em bolsa

A Galp completa dez anos em bolsa e é uma das petrolíferas europeias mais rentáveis. As descobertas no Brasil deram um contributo para os ganhos, mas no longo prazo o desafio será a estratégia de diversificação além dos combustíveis fósseis.

Miguel Baltazar
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Vinte. Era o número de riscos que encabeçavam o prospecto para a entrada em bolsa da Galp há dez anos. E para alguns profissionais do mercado, a operação causava uma certa desconfiança, havendo quem defendesse que eram riscos a mais para uma avaliação demasiado elevada. As acções entraram em bolsa a valer 5,81 euros. Dez anos depois, têm um preço de 12,825 euros.

Os títulos acumulam um ganho de 120%. E, caso sejam contabilizados os 3.500 milhões de euros distribuídos em dividendos na última década, o retorno total para quem tenha ido à Oferta Pública de Venda  da Galp é de 190%, praticamente o triplo do valor investido há dez anos. europeu Stoxx petróleo e Gás apenas três   (Wood Group, Petrofac, e a Vestas) proporcionaram uma retorno total mais elevado que a Galp na última década. E entre as actuais constituintes do PSI-20, só a Corticeira Amorim e a Jerónimo Martins bateram o retorno das acções da petrolífera.

O "jackpot" brasileiro

As desconfianças de alguns investidores demoraram pouco tempo a ser dissipadas. Em Novembro de 2007, a empresa anuncia uma espécie de "jackpot" na aposta que fez na descoberta de petróleo no mar brasileiro. Foram confirmados os valores recuperáveis no campo de Lula , naquela que foi uma das maiores descobertas das últimas três décadas. A empresa portuguesa detinha uma participação de 10% no consórcio que iria explorar esse mar de petróleo. Numa altura em que o petróleo cotava em torno dos 90 dólares, foi o suficiente para colocar as acções em hiper-turbo. Acelerariam até a um máximo histórico de 19,03 euros no final de 2007.

"A implementação de uma estratégia de crescimento no segmento de exploração que apresenta historicamente maiores margens" foi um dos três factores enunciados pela equipa de "research" do BiG para explicar os ganhos apresentados pela Galp nos últimos dez anos. Em 2005, a produção média diária da Galp era de cinco mil barris. Actualmente situa-se em 74 mil, segundo dados da empresa.

Além do crescimento no segmento de exploração, o BiG realça como chaves do desempenho na última década, a rentabilidade histórica do sector e  "o perfil integrado [da Galp], com operações de exploração e refinação, que permitem contrabalançar os períodos de queda do crude". Essa característica permitiu às acções suster recentemente o impacto das descidas do preço do petróleo. No ano passado a Galp valorizou 27%, ao passo que a matéria-prima desceu 35%.

Os próximos dez anos

As grandes descobertas que beneficiaram a Galp são algo de "muito raro", refere um analista do sector que pediu para não ser identificado. E nos próximos tempos os desafios da petrolífera passarão pela forma como  executa e rentabiliza essas explorações, sempre com o preço de petróleo debaixo de olho já que, em média, "breakeven" é conseguido com uma cotação de 30 dólares, segundo o BiG.

Mas para assegurar que continua a ser uma história de rentabilidade no longo prazo, há outro tipo de desafios que a petrolífera deverá enfrentar, como a diversificação das áreas de negócio. 

João Queiroz, director de negociação do Banco Carregosa, refere que "o seu maior desafio deverá continuar a ser na componente eléctrica, fundamentalmente na distribuição". O Banco Carregosa indicou que tem um accionista em comum com a Galp: Américo Amorim.

Também o BiG  entende que  "a longo prazo, o principal desafio da Galp é o papel dos combustíveis fósseis num mundo cada vez mais movido pelas energias renováveis, que leva a uma lenta obsolescência das fontes de energia não-renováveis". Da resposta a esta equação poderá estar muito do que as acções da Galp poderão fazer na próxima década.

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