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Entre a banca e a tecnologia: o novo presidente da bolsa
Paulo Rodrigues da Silva, gestor com carreira feita na Vodafone e no BPI, é o sucessor de Maria João Carioca à frente da Euronext Lisbon.
"Muito trabalhador, discreto e brilhante." É desta forma que um antigo colega de Paulo Rodrigues da Silva se refere ao próximo presidente da bolsa de Lisboa. Aos 52 anos, o gestor regressa à ribalta, depois da "falsa partida" que foi a sua escolha para a administração de António Domingues na Caixa Geral de Depósitos, que acabou por cair.
Paulo Rodrigues da Silva começou a sua carreira na McKinsey, ficando na consultora do início de 1990 ao final do ano seguinte. Em 1995 entra para o BPI, onde ficou cinco anos, fazendo parte da administração e tendo o cargo de Chief Information Officer (CIO).
Seguiu-se um longo período na Vodafone, em vários papéis, percurso iniciado em Setembro de 2000. Até 2004 foi Chief Tecnhology Officer (CTO), e em Abril desse ano começou a assumir responsabilidades internacionais no grupo, mantendo-se como administrador da unidade portuguesa. Entre 2007 e 2009 foi ainda Chief Commercial Officer (CCO) da Vodafone Turquia.
Sai da operadora em 2009 e dedica-se a vários projectos e à consultoria. Apostou então no aconselhamento de investidores institucionais com interesses em empresas de telecomunicações, na Grécia e noutros países.
Voltou a ser muito falado na segunda metade de 2016, como uma das apostas de António Domingues para a administração da Caixa Geral de Depósitos. Domingues, que havia partilhado a administração do BPI com Paulo Rodrigues da Silva, Fernando Ulrich, Artur Santos Silva ou Seruca Salgado, não se esqueceu do antigo colega e convidou-o para administrador.
Depois da questão da entrega da declaração de património ao Tribunal Constitucional, Paulo Rodrigues da Silva foi um dos designados que saiu, assim como Domingues.
Nessa equipa, que durou pouco, tinha os pelouros da comunicação, marketing e sistemas de informação.
Do percurso académico constam a formação em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, e um MBA no INSEAD, concluído em 1989.
Tem formação na área financeira e um conhecimento profundo das tecnologias, ainda que não lhe seja conhecida grande experiência nos mercados de capitais.
Diz quem bem o conhece que, tendo em atenção a grande dependência das gestoras de bolsas actuais da tecnologia, o seu perfil poderá encaixar bem exactamente por cruzar as comunicações e a área mais financeira.
Aliás, uma das razões para a sua escolha poderá estar relacionada com o crescente papel desempenhado pela Euronext Lisbon enquanto centro tecnológico do grupo pan-europeu. O Porto ganhou o centro de tecnologias de informação da Euronext, que estava instalado em Belfast, projecto que é um dos mais importantes componentes lusos no seio do grupo.
Paulo Rodrigues da Silva é casado e tem dois filhos, ambos a estudar no estrangeiro. Gosta de desporto e é praticante de golfe.
Prepara-se agora para ser o terceiro presidente da bolsa portuguesa em menos de dois anos.
Contactada, fonte oficial da Euronext Lisbon não quis comentar a escolha de Paulo Silva, informação avançada esta quinta-feira pelo jornal electrónico Eco.
Maria João Carioca está livre
Com a escolha do seu sucessor, Maria João Carioca fica livre para integrar a equipa de Paulo Macedo na Caixa Geral de Depósitos, enquanto administradora executiva. A gestora comunicou internamente em Dezembro que ia sair da Euronext para integrar a gestão do banco público. No entanto, teve de "dar o tempo à casa" que está estipulado no seu contrato, período que ainda não terminou. As condições para a sua saída eram a escolha de um sucessor efectivo; ou o decurso de um prazo, que termina a 6 de Março. Esta foi, aliás, a razão pela qual Carioca foi a única administradora executiva a não iniciar funções na Caixa a 1 de Fevereiro. Ainda assim, a "liberdade" não é imediata, uma vez que a designação formal de Paulo Rodrigues da Silva depende ainda da obtenção da luz verde de autoridades nacionais e europeias.