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Dow Jones em máximos regista melhor semana dos últimos cinco anos
As bolsas norte-americanas oscilaram entre ganhos e perdas na última sessão da semana, numa altura em que os investidores especulam que políticas de Donald Trump terão impacto na economia e nas taxas de juro.
O índice industrial Dow Jones, que ontem marcou a meio da sessão um novo máximo histórico, nos 18.808,35 pontos, terminou esta sexta-feira a marcar um recorde de fecho pelo segundo dia consecutivo, ao somar 0,21% para 18.847,66 pontos.
No acumulado da semana, o Dow Jones ganhou 5,4%, naquela que é a sua maior valorização semanal desde Dezembro de 2011.
A Bloomberg sublinha o facto de os holofotes se estarem a centrar nas políticas de Trump, numa tentativa dos investidores para perceberem que sectores poderão ser os vencedores e perdedores na negociação em bolsa.
As acções ligadas ao sector industrial estão a ter um desempenho muito positivo – o que levou o Dow Jones ao novo recorde – já que nos planos de Trump está o aumento da despesa pública em infra-estruturas.
Na esteira dos títulos industriais estão as acções das matérias-primas ligadas a materiais usados na construção, como é o caso do cobre, cujos preços dispararam nas últimas sessões – tendo esta sexta-feira corrigido, uma vez que muitos investidores preferiram proceder à tomada de mais-valias.
Além disso, também os bancos e as farmacêuticas têm estado a beneficiar da expectativa de que o presidente eleito e o Congresso – controlado pelos republicanos – revertam alguns dos regulamentos mais pesados para estes sectores, como é o caso da lei Dodd-Frank na banca. Só o sector da banca acumulou um ganho de 10% nas últimas cinco sessões.
Em alta têm estado também as empresas com baixas capitalizações bolsistas, as chamadas "small caps", que estão a ganhar terreno há seis jornadas consecutivas. A razão, segundo a Bloomberg, poderá ter a ver com a especulação de que as políticas de Trump "viradas para dentro" irão favorecer as empresas mais focalizadas no mercado interno.
Mas também há perdedores notórios desde que se soube que será Trump que vai ocupar a Casa Branca a partir de 20 de Janeiro, com destaque para as utilities (empresas de água, gás e electricidade), fundos de investimento imobiliário e bens de primeira necessidade, por se tratar de segmentos sensíveis à evolução das taxas de juro – tendo todos eles caído nos últimos cinco dias.
Também o sector tecnológico esteve a perder terreno desde quarta-feira, visto que as empresas deste ramo operam bastante fora de portas e estão receosas do impacto que poderão ter as políticas do novo presidente no que diz respeito ao comércio – já que este defende medidas proteccionistas e falou mesmo em reverter alguns acordos comerciais importantes já estabelecidos e em curso. No entanto, esta sexta-feira deu-se uma correcção e o conjunto do sector conseguiu ganhos ligeiros.
Os investidores têm estado também a analisar o que poderá representar uma presidência Trump para a política monetária da Reserva Federal, bem como a trajectória das taxas de juro – e as expectativas de um aumento dos juros na reunião de Dezembro da Fed mantêm-se em torno dos 80%.
Destaque ainda, na sessão de hoje, para as perdas entre os títulos da energia, penalizados pela forte descida dos preços do crude nos mercados internacionais depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter reportado uma produção recorde em Outubro, reforçando assim os receios de que o cartel possa não conseguir cumprir com o corte prometido no seu plafond global de produção.
Nos ganhos, a Walt Disney esteve em destaque, a subir 3%, depois de prever mais crescimento no próximo ano e de ter reportado resultados que agradaram aos investidores. A Nvidia Corp disparou 30% após estimar vendas para o quarto trimestre que sinalizam uma forte procura pelos produtos da maior fabricante de chips gráficos.
Numa altura em que a cena política está no centro das atenções, começa a diminuir o ritmo de apresentação dos resultados trimestrais das empresas norte-americanas. Os analistas estimam que os lucros das cotadas do S&P 500 tenham crescido 2,5% em média no trimestre compreendido entre Julho e Setembro, quando no início do mês apontavam para uma quebra média de 1,6%.