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Dow Jones em máximos históricos. S&P 500 vacila mas recupera
O otimismo que encheu o mercado acionista dos EUA de ganhos pode ter sido exagerado. Os investidores responderão a esta pergunta nos próximos dias. Para já, os analistas debatem esta possibilidade. No mercado da dívida, a "yield" das obrigações caiu para mínimos de julho.
Há uma velha lição em Wall Street que ensina que não se deve assumir uma posição a descoberto - ou seja, apostar na queda de um ativo - num mercado com menor volume de negociação. No entanto, alguns "traders" citados pela Bloomberg acreditam que a sessão desta quarta-feira foi prova de que muitas vezes quem investe não é assim tão fiel aos velhos ditados da bolsa.
Depois de três sessões de ganhos e ter terminado esta terça-feira a 0,5% do seu máximo histórico, o "benchmark" mundial Standard & Poor's 500 (S&P 500) vacilou, tendo chegado a perder 0,12%. Entretanto nos últimos minutos, e depois de um longo período na linha de água, ganhou fôlego e fechou a subir 0,14% para 4.781,58 pontos. Ficou, assim, a menos de 1% do seu recorde de fecho de 4.796,56 pontos atingido há quase dois anos, a 3 de janeiro de 2022.
O movimento ocorreu numa altura de menor volume de negociação, próprio das férias do Natal nos EUA.
Já o industrial Dow Jones somou 0,30% para 37.656,52 pontos, um recorde de fecho, depois de durante o dia ter mesmo atingido um novo máximo histórico nos 37.683,70 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite ganhou 0,16% para se fixar nos 15.099,18 pontos.
O otimismo relativamente ao potencial cortes dos juros diretores nos EUA no próximo ano – reforçado pelo mais recente "dot plot" da Reserva Federal (Fed) norte-americana, que aponta para uma redução de 75 pontos base da taxa dos fundos federais, - levou o Dow e Nasdaq 100 a baterem recordes, colocando também o "benchmark" mundial perto de máximos históricos, levando os analistas a questionarem-se: terá o mercado exagerado?
Os especialistas dividem-se. Ainda que a análise técnica das médias móveis, aponte para um sentimento de sobrecompra, que caso se confirme será sucedido por uma correção, Ed Clissold pede cautela nesta interpretação e justifica o seu apelo com a História financeira, em declarações à Bloomberg.
O estratega-chefe da Ned Davis Research defende que é preciso fazer a seguinte questão: "a recuperação deixou o mercado em sobrecompra e é necessária uma nova correção, ou esta é uma nova etapa?". Para o CFA , "a história está do lado desta última" hipótese, ou seja este é um novo ciclo para o mercado acionista não se devendo esperar uma queda.
Já Ipek Ozkardeskaya, analista sénior do Swissquote Bank discorda. Ainda antes do arranque da sessão, a analista considerou que "os compradores do S&P 500 certamente não vão recuar, antes de conseguirem atirar o índice para novos máximos históricos esta semana ou na próxima", porém frisou que o "otimismo do mercado é exagerado". Assim, "quando o ‘rally’ do Pai Natal passar a ressaca vai chegar", remata a especialista.
Os investidores estiveram atentos às ações da Coherus Biosciences, escalaram 23,62% depois de o regulador norte-americano para o medicamento (na sigla inglesa FDA) ter dado luz verde a um fármaco da empresa destinado a prevenir infeções no contexto pós-quimioterapia.
Os títulos da Apple avançaram 0,07%, depois de a decisão de um tribunal ter permitido que a empresa possa aproveitar a época de Natal para vender os 'smartwatchs' S9 e Ultra 2, que tinham sido retirados do mercado, devido a uma disputa jurídica, relacionada com propriedade intelectual.
No mercado da dívida, a "yield" das "treasuries" a 10 anos cairam para 3,8%, renovando mínimos de julho, depois de o Tesouro ter registado uma procura robusta por uma emissão a cinco anos de 58 mil milhões de dólares, o equivalente a aproximadamente 52 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual.