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CTT caem para novo mínimo após mais recomendações negativas de analistas

Três dias depois de cortar o dividendo e apresentar resultados abaixo do esperado, a empresa dos correios continua a sofrer em bolsa. A queda acumulada aproxima-se dos 30%.

Miguel Baltazar/Negócios
03 de Novembro de 2017 às 09:00
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As acções dos CTT negoceiam em queda acentuada pela terceira sessão, com os títulos ainda penalizados pelos resultados abaixo do esperado e corte de dividendos, que provocaram uma chuva de recomendações negativas por parte dos analistas.

 

Os títulos seguem a cair 3,75% para 3,64 euros, tendo já ficado um novo mínimo histórico nos 3,63 euros. Ontem as acções desceram 4,49% e na quarta-feira afundaram 21,68%.

 

Nestas três sessões a queda acumulada é de 28,2%, o que reduziu a capitalização bolsista da empresa liderada por Francisco Lacerda para 562 milhões de euros.

 

Goldman Sachs reduz recomendação e CaixaBI corta preço-alvo 

O desempenho negativo acentua-se à medida que continuam a ser emitidas notas de "research" negativas, com os analistas a ajustarem a avaliação das acções e a atribuir recomendações mais reduzidas.

 

Foi o caso do Goldman Sachs, que de acordo com a Bloomberg cortou a recomendação dos CTT de "comprar" para "neutral".

 

Já ontem, depois do fecho da sessão, também o CaixaBI reduziu a avaliação das acções, com o preço-alvo a passar de 6,50 euros para 4,70 euros, o que representa uma redução de 27,69%.

 

Na nota de "research" a que o Negócios teve acesso, a casa de investimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) mantém inalterada em "comprar", justifica o corte no preço-alvo com os resultados "muito decepcionantes" e considera ser fácil antecipar uma "enorme mudança na estrutura accionista" da instituição.

 

Logo após o anúncio dos resultados, foram vários os analistas a reduzir a avaliação dos títulos. O Haitong emitiu uma nota de análise, após uma conferência de analistas com os gestores dos CTT, onde cortou a avaliação dos CTT de 6,50 euros para 3,90 euros. O BPI cortou a avaliação dos CTT em 27,7%, passando o preço-alvo de 6,50 euros para 4,70 euros. A recomendação que era de "comprar" passou para "underperform".

 

Já o JPMorgan terá reduzido a sua avaliação em 12,7%, passando o preço-alvo de 5,50 euros para 4,80 euros. A recomendação foi mantida em "neutral", segundo os dados disponíveis na Bloomberg. Outra casa de investimento que reduziu a avaliação dos CTT foi a Mainfirst, tendo cortado a avaliação em 28,5% para 5,0 euros.

 

Analistas admitem mais corte no dividendo 

Os analistas não descartam uma nova descida na remuneração aos accionistas, antecipando que as acções vão permanecer sob pressão, após a administração dos CTT ter adiantado que vai propor uma quebra do dividendo de dez cêntimos, para 38 cêntimos. Uma remuneração que ainda é atractiva, mas que poderá sofrer alterações.

 

"Os dividendos poderão voltar a baixar", argumenta Pedro lino ao Negócios. Para o administrador da Dif Broker, "essa é a expectativa do mercado desde há pelo menos um ano, uma vez que a diminuição de resultados e o investimento no banco CTT iria colocar em causa a remuneração accionista". De acordo com o mesmo especialista, "uma remuneração de 38 cêntimos implica a distribuição de 57 milhões de euros, quando os lucros dos primeiros nove meses se cifraram em 19 milhões de euros".

 

Já a equipa de "research" do BiG refere que "o dividendo não deverá voltar a ser cortado em 2018, mas se a empresa não conseguir inverter a tendência dos resultados nos próximos anos, essa realidade pode facilmente mudar". Os dividendos foram, aliás, um dos temas discutidos na "conference call" com analistas sobre os resultados. "Quando questionados sobre o corte de dividendo para 0,38 euros para 2018, a gestão não comentou se este seria um nível sustentável no futuro ou não", escreveu o Haitong, que adiantou que mantém uma posição "neutral" para a empresa até que esta apresente o seu programa de reestruturação de custos.

 

Albino Oliveira, da Patris Investimento, adianta que "a reacção do mercado mostra que os números do terceiro trimestre de 2017 representaram uma significativa surpresa negativa, criando, ao mesmo tempo, dúvidas significativas quanto à capacidade de a gestão da empresa lidar com os desafios que enfrenta nas várias áreas do grupo: Banco CTT, Correio (aceleração na queda do tráfego de correio endereçado), Serviços Financeiros e Expresso & Encomendas".

 

Pressão vendedora

"No curto prazo, o título continuará a ser pressionado pelos cortes nas recomendações de muitas casas de investimento e também pela forte pressão vendedora que poderá estar a ser impulsionada por accionistas que estarão a abandonar a acção, descontentes com o seu desempenho", explica Gualter Pacheco.

 

Já no médio e longo prazo, o senior trader do Banco Carregosa argumenta que "a empresa terá que arranjar soluções para melhorar o seu desempenho, incluindo a qualidade dos serviços prestados e recuperar a confiança do mercado". 

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