Notícia
Canadá legaliza canábis, mas cotadas do sector afundam
Será só fumo? Nos mercados somam-se dúvidas sobre se há ou não uma bolha à volta das cotadas da canábis.
As cotadas do sector da canábis afundaram mais de 10% nas últimas sete sessões. A queda coincide com a entrada em vigor da legalização do consumo no Canadá que aconteceu na passada quarta-feira, dia 17 de Outubro. O que aconteceu?
No início desta semana, as acções das cotadas do sector registaram a pior sessão desde Janeiro de 2016. A tendência negativa já se verificava desde o dia 16 de Outubro, um dia antes da legalização entrar em vigor no Canadá, o segundo país do mundo a avançar com essa medida e o primeiro do G7.
Este deslize foi aproveitado pelo short sellers que, segundo a Bloomberg, que cita dados da empresa de dados S3 Partners, lucraram 450 milhões apenas esta semana ao apostarem na queda das acções.
Contudo, estas quedas aconteceram depois destas cotadas terem negociado perto de máximos históricos antes da legalização, antecipando esse efeito e efectuando agora uma correcção. A Tilray, a Canopy Growth e a Cronos - as três empresas pioneiras - valorizaram de tal forma nos últimos meses que, em conjunto, antes da legalização no Canadá, tinham uma capitalização de mercado de cerca de 28 mil milhões de dólares. Este valor é visto por alguns agentes do mercado como uma sobrevalorização face ao potencial real destas empresas. Apesar destas empresas terem nascido e actuarem no Canadá, onde o consumo recreativo de canábis foi agora legalizado, o mercado não tem tanto potencial como o mercado norte-americano onde ainda se mantém a proibição federal.
Face aos níveis potencialmente insustentáveis das valorizações, as acções das três cotadas desceram a pique. Com excepção de uma sessão de curta recuperação, as cotadas estão a afundar há sete sessões consecutivas, acumulando uma queda superior a 10%. Ainda assim, a Tilray continua a valer mais de 10 mil milhões de dólares, mais de 500% acima do valor do IPO de Julho.
Além da possível sobrevalorização, as primeiras notícias que chegaram do Canadá depois da legalização não foram as melhores. Os consumidores têm-se queixado da falta de oferta. Nos primeiros dias houve várias lojas (privadas ou estatais) que ficaram sem produtos em stock.
E houve também uma falta de conhecimento da marca das empresas que actuam no sector, assinala Charles Taerk, CEO da Faircourt Asset Management (fundo que gere 50 mil milhões de dólares investidos no sector), à Bloomberg. Com a legalização vieram também restrições à publicidade que é feita ao consumo da canábis.
Esta queda das cotadas do sector da canábis é vista como um compasso de espera dado pelos investidores até à normalização do valor das acções. Um dos argumentos que leva os investidores a questionarem-se sobre a valorização é a sustentabilidade do negócio.
Ainda que haja falta de oferta neste momento, é expectável que com o decorrer do tempo a oferta supere a procura no Canadá, o que levará as empresas nacionais a procurar mercados externos que actualmente ainda não existem.
Estima-se que, por exemplo, o mercado norte-americano de canábis pode crescer para receitas na ordem dos 75 mil milhões de dólares em 2030, caso se avance com a legalização federal da canábis. Neste momento existem vários Estados norte-americanos onde é possível o consumo recreativo, mas mantém-se a proibição a nível federal, o que traz vários impedimentos ao negócio, nomeadamente o acesso à banca.
No início desta semana, as acções das cotadas do sector registaram a pior sessão desde Janeiro de 2016. A tendência negativa já se verificava desde o dia 16 de Outubro, um dia antes da legalização entrar em vigor no Canadá, o segundo país do mundo a avançar com essa medida e o primeiro do G7.
Contudo, estas quedas aconteceram depois destas cotadas terem negociado perto de máximos históricos antes da legalização, antecipando esse efeito e efectuando agora uma correcção. A Tilray, a Canopy Growth e a Cronos - as três empresas pioneiras - valorizaram de tal forma nos últimos meses que, em conjunto, antes da legalização no Canadá, tinham uma capitalização de mercado de cerca de 28 mil milhões de dólares. Este valor é visto por alguns agentes do mercado como uma sobrevalorização face ao potencial real destas empresas. Apesar destas empresas terem nascido e actuarem no Canadá, onde o consumo recreativo de canábis foi agora legalizado, o mercado não tem tanto potencial como o mercado norte-americano onde ainda se mantém a proibição federal.
Face aos níveis potencialmente insustentáveis das valorizações, as acções das três cotadas desceram a pique. Com excepção de uma sessão de curta recuperação, as cotadas estão a afundar há sete sessões consecutivas, acumulando uma queda superior a 10%. Ainda assim, a Tilray continua a valer mais de 10 mil milhões de dólares, mais de 500% acima do valor do IPO de Julho.
Além da possível sobrevalorização, as primeiras notícias que chegaram do Canadá depois da legalização não foram as melhores. Os consumidores têm-se queixado da falta de oferta. Nos primeiros dias houve várias lojas (privadas ou estatais) que ficaram sem produtos em stock.
E houve também uma falta de conhecimento da marca das empresas que actuam no sector, assinala Charles Taerk, CEO da Faircourt Asset Management (fundo que gere 50 mil milhões de dólares investidos no sector), à Bloomberg. Com a legalização vieram também restrições à publicidade que é feita ao consumo da canábis.
Esta queda das cotadas do sector da canábis é vista como um compasso de espera dado pelos investidores até à normalização do valor das acções. Um dos argumentos que leva os investidores a questionarem-se sobre a valorização é a sustentabilidade do negócio.
Ainda que haja falta de oferta neste momento, é expectável que com o decorrer do tempo a oferta supere a procura no Canadá, o que levará as empresas nacionais a procurar mercados externos que actualmente ainda não existem.
Estima-se que, por exemplo, o mercado norte-americano de canábis pode crescer para receitas na ordem dos 75 mil milhões de dólares em 2030, caso se avance com a legalização federal da canábis. Neste momento existem vários Estados norte-americanos onde é possível o consumo recreativo, mas mantém-se a proibição a nível federal, o que traz vários impedimentos ao negócio, nomeadamente o acesso à banca.