Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Acções do BES registam a maior queda semanal de sempre

36% foi a queda acumulada pelo BES ao longo desta semana. Nunca antes tinha verificado uma descida tão acentuada. Nem a informação adicional divulgada ontem à noite conseguiu evitar a perda de 1,5 mil milhões de euros.

  • 43
  • ...

As acções do BES afundaram 36,04% na semana, o que corresponde a menos 1,5 mil milhões de euros de valor de mercado. Os títulos fecharam esta sexta-feira a cair 5,50% para 48,1 cêntimos, tendo chegado a tocar nos 47,60 cêntimos o valor mais baixo desde Julho de 2013, uma altura marcada pela crise política que se seguiu à demissão de Vítor Gaspar e ao pedido irrevogável de demissão de Paulo Portas.

 

As acções do BES ainda estiveram suspensas desde o final da tarde de ontem e as 11h30 desta sexta-feira, com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a exigir que o banco ainda liderado por Ricardo Salgado prestasse informação adicional sobre a sua exposição do Grupo Espírito Santo (GES).

 

Apesar de não ter negociado a sessão completa, trocaram de mãos mais de 121 milhões de acções, o que compara com a média diária de 28,64 milhões de títulos verificada nos últimos seis meses. Este foi, aliás o segundo maior volume negociado desde o que banco negoceia em bolsa (1993).

 

Essa informação só foi divulgada já perto das 0h00 desta sexta-feira, com o banco a garantir que tem uma almofada financeira que lhe permite cobrir eventuais perdas relacionadas com o GES.

 

Apesar de não detalhar as perdas potenciais, por o GES não ter ainda publicado o seu plano de reestruturação, o BES assegura que "as potenciais perdas resultantes da exposição ao Grupo Espírito Santo não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital regulamentares".

 

Isto porque o banco diz ter uma almofada de capital de 2.100 milhões de euros, que supera o total da exposição directa ao GES, somada à que os seus clientes têm às empresas do GES, pelas quais o BES pode ter que assumir responsabilidade. Esta exposição directa e através dos seus clientes ao GES ascende a 2.036 milhões de euros.

 

Num cenário extremo de incumprimento total do GES face ao banco e aos seus clientes, tendo em conta os números agora revelados ("provisórios" e "ainda não sujeitos a revisão pelos auditores externos"), o BES teria capital suficiente para suportar estas perdas e permanecer com um rácio de capital em linha com o mínimo exigido pelos reguladores.

 

A exposição directa que o banco tem às empresas do Grupo Espírito Santo é de 1.183 milhões de euros e a exposição dos seus clientes de retalho totaliza 853 milhões de euros. Sobre esta última parcela, a ESFG (que controla 25% do capital do BES) assumiu uma garantia de 700 milhões de euros. A exposição dos clientes institucionais supera os 2 mil milhões de euros, mas sobre este montante o banco não tem responsabilidade.

 

A incerteza sobre o impacto da crise no GES sobre o BES registou um forte agravamento durante o dia de ontem, depois da ESFG ter solicitado a suspensão dos seus títulos devido às dificuldades no grupo. O assunto teve grande destaque na imprensa internacional, sobretudo a especializada, e provocou um sentimento negativo nos mercados a nível global. 

 

As acções da Espírito Santo Financial Group ESFG continuam suspensas de negociação, não tendo sido levantada a suspensão das acções, que foi pedida pela própria empresa. Os títulos deixaram de ser negociados quinta-feira de manhã, por determinação da própria cotada que justificou a decisão com "dificuldades relevantes no seu maior accionista, a Espírito Santo International, e a exposição da ESFG à empresa". Até esta altura ainda não foi pedido ao regulador o levantamento da suspensão.

 

O regulador do mercado determinou, ainda na quinta-feira, a proibição de vendas a descoberto, o chamado "short selling" das acções do BES durante a sessão desta sexta-feira. Ou seja, o regulador proibiu que os investidores apostem na queda das acções.

Ver comentários
Saber mais BES CMVM Ricardo Salgado Grupo Espírito Santo GES ESFG banca
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio