A oferta pública de aquisição (OPA) parcial que a Sonaecom lançou sobre os 24% do seu capital tem como particularidade a dificuldade de os accionistas apurarem qual é a real contrapartida que vão receber.

O exercício nem é possível à partida, pois está dependente do nível de aceitação da oferta. A proposta da empresa liderada por Ângelo Paupério consiste na prática em trocar as 88.479.802 acções da Sonaecom detidas pelos minoritários, pelas 37.489.324 acções da Zon Optimus detidas pela Sonaecom.

Acontece que Sonaecom não tem acções da Zon Optimus suficientes para satisfazer todos os seus accionistas, caso todos eles aceitem a oferta. Seriam necessárias 42.672.345 acções.  

Assim, o rácio de troca de acções da Sonaecom por títulos da Zon está dependente da aceitação da oferta. Se quando forem apurados os resultados, a Sonaecom tiver títulos da Zon Optimus suficientes para satisfazer a procura, então quem aceitou receberá 0,48228346 acções da Zon Optimus por cada título da Sonaecom que detiver. E não haverá lugar a contrapartida adicional em dinheiro.

Se todos os minoritários aceitarem a oferta, o rácio de troca será de 0,42370488 e receberão uma contrapartida adicional em dinheiro. Esta contrapartida adicional resulta da multiplicação da diferença entre os dois rácios (0,05857857) pelo número de acções detidas e posteriormente por 5,08 euros (valor determinado para efeitos da relação de troca, que corresponde à média ponderada da cotação de fecho das acções nas cinco sessões anteriores a terça-feira).

Desta forma, segundo os cálculos do Negócios, no máximo (caso a oferta tenha 100% de sucesso) os accionistas da Sonaecom que aceitarem a oferta receberão 12% da contrapartida em dinheiro. À medida que o nível de adesão for baixando, baixa também o peso da oferta em dinheiro.

Segundo o comunicado divulgado, a contrapartida da oferta corresponde a um valor de 2,45 euros para as acções da Sonaecom, um prémio de 10% sobre as acções da empresa na sessão de ontem.