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Fundos cotados: Tenha uma horta na bolsa

Através da compra de ETF pode lucrar com a evolução de diversas matérias-primas agrícolas. Uma boa aposta?

01 de Dezembro de 2014 às 11:56
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Através dos ETF (exchange traded funds - fundos cotados em bolsa) pode apostar facilmente na evolução do preço dos bens agrícolas, o que anteriormente estava acessível apenas aos grandes investidores. A cotação de cada ETF está ligada diretamente à evolução do preço de uma determinada matéria-prima: algodão (cotton), café (coffee), milho (corn), soja (soybeans) e trigo (wheat) ou um cabaz de bens agrícolas (agriculture), entre outros. Aliás, os ETF não são apenas um instrumento para os adeptos otimistas das matérias--primas. Quem antecipa um colapso nas cotações pode comprar ETF short ou inverso e lucrar com a queda do valor da mercadoria respetiva. O valor deste tipo de ETF sobe à medida que desce a cotação da matéria-prima escolhida. Naturalmente, se o palpite se revelar errado e a cotação subir, o investidor terá perdas.


No quadro da página seguinte pode ver o comportamento de alguns ETF. Nos últimos doze meses, o melhor desempenho coube aos ETF inversos devido à queda do valor das matérias-primas agrícolas. A exceção nesse período foi o café. Se olharmos para os últimos cinco anos, a maioria dos ETF de bens agrícolas ainda regista ganhos, embora o açúcar e o trigo já estejam com variações negativas. Não obstante os comportamentos individuais, o investimento em ETF agrícolas parece "fácil e acessível", mas será interessante?


Alimentar milhares de milhões
Ao longo da última década, a cotação de muitas matérias agrícolas disparou devido à procura dos países emergentes, encabeçados pela China e pela Índia. Por um lado, a melhoria das condições de vida de milhões de pessoas trouxe uma maior pressão sobre a produção de alimentos. Por outro, a curto prazo a oferta é rígida e adaptou-se com um grande desfasamento às necessidades do mercado.


Se, num primeiro momento, a produção agrícola não conseguiu acompanhar a procura galopante, o que fez disparar os preços, com o passar do tempo, os produtores reforçaram a sua capacidade de oferta. Agora, em alguns produtos, até enfrentam o problema de excesso de oferta, além de o abrandamento económico nos países emergentes estar a travar o aumento da procura de produtos agrícolas ligado ao seu crescimento populacional. Além desses fatores de médio e longo prazo, em períodos mais curtos, a produção está sujeita a choques sazonais (por exemplo, devido à meteorologia) e que provocam fortes e inesperadas oscilações na oferta e na cotação das matérias agrícolas. Há exemplos bem ilustrativos. A seca nos Estados Unidos em 2012 fez disparar o preço dos bens agrícolas, nomeadamente o milho. No ano seguinte, atraídos pelos altos preços, as explorações agrícolas apostaram fortemente no seu cultivo e atingiu-se uma produção recorde que fez colapsar o preço (ver figura).


É prudente? Então fique afastado
Pelas razões que enumerámos, as perspetivas para o longo prazo são pouco favoráveis. É improvável que o valor dos bens agrícolas, em geral, volte a registar o excelente desempenho registado há uns anos. Embora não seja de excluir, a escassez de uma ou outra matéria-prima em particular. E mesmo que no horizonte houvesse menos nuvens, o facto é que estes ETF acarretam elevados riscos e pressupõem um conhecimento profundo das características de cada mercado das matérias-primas subjacentes. São essencialmente uma ferramenta para especuladores. Os investidores mais prudentes devem ficar afastados desses produtos. E mesmo que tenha uma costela de especulador, e se queira aventurar, deve limitar as "apostas" a um máximo de 5% das poupanças. Mesmo os mais audaciosos devem ficar totalmente afastados dos ETF tipo "leveraged" ou "2x". Nestes produtos, uma pequena variação da cotação do produto agrícola tem um impacto superior no valor do ETF e pode levar a prejuízos consideráveis. E tal como a generalidade dos investimentos, assumir uma posição de curto prazo (semanas ou meses) implica ainda sujeitar-se a um risco muito mais elevado de perda.


Em tempos de crise, as poupanças não devem ficar reféns de obstáculos. É importante não descurar boas oportunidades de investimento. Por isso, a PROTESTE INVESTE está atenta ao mercado dos ETF e pronta a guiá-lo nas suas decisões de investimento. No portal financeiro encontra vários fundos cotados com conselhos de compra, mas atualmente nenhum deles está relacionado com matérias-primas. 

 

 

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Como investir em ETF


Para transacionar terá de ter conta num banco ou corretora que disponibilize ETF. Muitos podem ser negociados na Euronext Paris, Frankfurt e Nova Iorque, mas como se trata de um segmento específico nem sempre estão disponíveis para os pequenos investidores. Atualmente, entre outros, os principais distribuidores de fundos "normais" para o grande público, ActivoBank, Best Bank e BiG, também permitem a negociação de inúmeros ETF. E vá devagar. Dada a imensa oferta, o primeiro passo é localizar os ETF "eleitos". Se nas ações, a tarefa é relativamente simples, há inúmeros ETF com designações semelhantes, mas cuja política de investimento pode ser totalmente diferente. É importante saber o código ISIN, ou de negociação, para identificar inequivocamente o ETF. Antes de avançar consulte regularmente a evolução da cotação e do índice subjacente, o número de transações diário, etc. É essencial este tipo de experiência antes de negociar. Uma vez selecionado o ETF pretendido, o passo seguinte será transmitir a ordem em bolsa. Ao possuírem características comuns às ações, negociar ETF implica que o investidor esteja familiarizado com o funcionamento das bolsas. Para comprar/vender ETF tem de pagar comissões semelhantes. Além disso, os ganhos/perdas com as vendas de ETF têm de ser inscritos na declaração anual de IRS. Se nunca investiu em ações, deve manter a preferência pelos fundos tradicionais.

 

 

Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

 

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