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Ações: Investir como os gurus

Muitas vezes os investidores são levados a copiar as carteiras de ações dos grandes gurus da bolsa. Mas na maioria dos casos não é uma boa opção

Deco Proteste 04 de Outubro de 2016 às 11:10
Os gurus dos mercados acionistas são investidores que ficaram conhecidos por terem feito bons negócios e ganho muito dinheiro com o investimento em ações. Contudo, eles beneficiam também do mediatismo entretanto granjeado, já que as atenções dos media e do público em geral estão muito viradas para si.

Isso não significa que sejam os melhores e que não sofram dissabores. Os seus conselhos devem ser seguidos com prudência, mesmo que alguns tenham feito fortuna, como são os casos de Warren Buffet, George Soros ou John Paulson. Logo, deve ter cuidado e construir a sua carteira de títulos com base nos seus objetivos (e não nos dos gurus) e diversificar bem os seus investimentos. A gestão do risco é tão importante como a procura de rendimento.


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Outro aspeto importante é o preço a que se adquirem as ações. Apesar de um determinado título integrar a carteira de um guru não significa que, aos preços atuais, este o comprasse. Entretanto, a cotação pode já ter subido muito, tornando o título pouco atrativo. Além disso, devido ao elevado poder que têm no mercado, os preços de aquisição podem ter sido negociados fora de bolsa e serem inferiores à cotação da altura, o que faz toda a diferença no momento de calcular as mais ou menos-valias. Analisamos a seguir alguns dos principais títulos detidos pelos maiores gurus e o respetivo conselho da PROTESTE INVESTE.




BERKSHIRE HATHAWAY (BH)
Atividades: presente em múltiplos setores, como seguros, alimentação... através de sociedades detidas na totalidade e possuiu ainda posições noutras empresas (American Express, IBM, Apple...).

CONSELHO: apesar da forte reputação do seu líder e maior acionista, Warren Buffett, a BH não está sobrevalorizada. Na maioria dos casos, os ativos têm qualidade e estão menos valorizados na holding do que se tivessem cotados individualmente (o conhecido "desconto de holding"). Porém, dada a sua elevada dimensão, a BH tem dificuldade em fazer investimentos atrativos para criar valor significativo para o grupo no seu conjunto. Não compre mas, se tiver, pode manter.


AMAZON
Atividades: comércio eletrónico, computação em nuvem...

CONSELHO: nos últimos anos, a Amazon tornou-se um player incontornável na distribuição online e impôs-se também como líder na computação em nuvem. Este negócio de rápido crescimento revelou-se ainda mais rentável do que a atividade tradicional do grupo e contribuiu para o regresso aos lucros nos últimos trimestres. Embora esteja bem lançada para continuar a crescer, a Amazon terá de provar que consegue aliar crescimento e rentabilidade, já que, no passado, nem sempre foi assim. A cotação está demasiado alta, venda.


SCHLUMBERGER
Atividades: líder mundial em equipamentos para exploração de petróleo.

CONSELHO: devido à sua tecnologia e à presença em todos os segmentos da exploração de petróleo, o grupo tornou-se uma referência para as petrolíferas. Isso permite-lhe manter-se rentável e financeiramente sólido apesar da crise do setor. Contudo, a queda do investimento das petrolíferas (25% a 30% em 2016) refletir-se-á nos resultados. O mercado espera um aumento do lucro em 2017 mas, no contexto atual, não é de excluir o risco das expectativas não se concretizarem. Venda.


STATE STREET
Atividades: serviços financeiros.

CONSELHO: numerosas aquisições permitiram ao grupo ocupar um lugar de relevo no mercado dos Estados Unidos e, graças à sua dimensão, limitar o surgimento de novos concorrentes. Os seus clientes também são pouco tentados a ir para a concorrência (Bank of New York) devido aos custos e constrangimentos técnicos envolvidos. Logo, a State Street é uma boa empresa mas os seus trunfos já estão em grande parte incorporados na cotação. Pode manter.


AMERICAN EXPRESS
Atividades: emissor americano de cartões de crédito.

CONSELHO: a Amex viu o seu crescimento desacelerar nos últimos anos devido ao surgimento de novos concorrentes e ao endurecimento da regulação. O grupo está a tomar medidas para enfrentar a situação e possuiu algumas vantagens (base alargada de clientes, marca de referência a nível global...) para conseguir recuperar. A ação parece pouco valorizada mas o grupo terá de provar que é capaz de inverter a situação. Mantenha.


NOVO NORDISK
Atividades: líder no tratamento da diabetes.

CONSELHO: esta empresa dinamarquesa está suportada pelos bons resultados e comercialização de novos medicamentos contra a obesidade. E, o crescimento da diabetes não está a baixar (422 milhões de diabéticos em 2014 e 550 previstos para 2030). Mas, a qualidade do grupo e as boas perspetivas já estão incluídas na cotação. Venda.


ALLERGAN
Atividades: farmácia (fabricante do anti-rugas Botox).

CONSELHO: a venda em breve dos "genéricos" à Teva permitirá à Allergan fazer novas aquisições, das quais depende o seu crescimento futuro, já que investe menos do que a concorrência em investigação. Mas, a ação subiu 3 vezes mais do que o índice S&P 500 nos últimos 5 anos e o seu preço atual já não justifica a compra. Mantenha.


CHEVRON
Atividades: exploração de petróleo e gás.

CONSELHO: a descida dos custos de exploração é vital para a Chevron gerar liquidez para financiar o dividendo. Além disso, o programa de alienação de atividades não estratégicas prossegue. Embora possa manter-se volátil no curto prazo, devido à flutuação do preço do petróleo, a ação continua atrativa numa perspetiva de longo prazo. Compre.


APPLIED MATERIALS
Atividades: equipamentos para semicondutores.

CONSELHO: o grupo tem aproveitado a crescente procura por equipamentos destinados à indústria de semicondutores, sendo líder neste mercado em crescimento (carros autónomos, complexidade dos processos de fabrico...). Contudo, após a forte subida da cotação nos últimos meses, apenas aconselhamos a manter o título em carteira.


TEVA PHARMACEUTICAL
Atividades: farmácia (líder nos genéricos).

CONSELHO: a Teva enfrenta concorrência cada vez mais exacerbada e em todas os domínios. Contudo, em nossa opinião, a empresa israelita tem potencial para lutar contra o lançamento de vários medicamentos novos. Alianças e aquisições também estão na agenda do grupo. A cotação foi demasiado penalizada. Aproveite para comprar se aceitar um risco superior à média.


AB INBEV
Atividades: cervejeira líder mundial.

CONSELHO: a saturação dos principais mercados levou a AB InBev a querer crescer via aquisições. Mas, a recente compra da americana SABMiller, que lhe poderá abrir as portas do dinâmico mercado africano, foi feita a um preço que pode degradar a sua solidez financeira. Mantenha.


COMCAST
Atividades: operador por cabo (internet, TV…).

CONSELHO: após alguns anos difíceis, os resultados do grupo parecem estar no bom caminho. Mas, o potencial de crescimento parece-nos limitado, sobretudo devido à crescente concorrência das operadoras de telecomunicações com as suas ofertas combinadas (telefone e Internet fixa e móvel, televisão) bem-sucedidas. Pode manter.


HEWLETT PACKARD ENTERPRISE
Atividades: grupo de material informático (servidores, armazenamento de dados…) e software.

CONSELHO: em profunda restruturação para recuperar a rentabilidade, com todas as incertezas que isso acarreta. A novidade mais recente é o anúncio de uma fusão das suas atividades de serviços para empresas (36% do volume de negócios) com a CSC. Os investidores menos avessos ao risco podem manter.


IBM
Atividades: serviços informáticos.

CONSELHO: a IBM adotou uma estratégia de enfoque em novas atividades (computação em nuvem, segurança, análise de dados...), o que, numa primeira fase, gera custos, exige investimento e deverá continuar a pressionar a rentabilidade. Mas, esta reorientação dará frutos e tornará a IBM um grupo mais dinâmico e rentável. Compre.



Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.



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