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Medina: "Lisboa acolhe bem a diferença. Não é assim em todo o lado"

Lisboa acolhe na próxima semana, pela primeira vez, o Web Summit. Um evento que vai trazer a Lisboa cerca de 50 mil pessoas e que “representa uma extraordinária oportunidade” para a capital portuguesa.

Bruno Simão
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Na próxima semana, Lisboa vai ser o palco de um dos maiores eventos tecnológicos e de empreendedorismo da Europa, o Web Summit. São esperadas cerca de 50 mil pessoas num encontro que dura três dias. Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, defende que é uma oportunidade para afirmar a capacidade de acolhimento da capital. E garante que a cidade está preparada.

O que é que a vinda do Web Summit para Lisboa representa para a cidade?

Uma extraordinária oportunidade. O Web Summit tem impactos directos na casa dos 200 milhões de euros. E traz três coisas fundamentais: em primeiro lugar, a afirmação de Lisboa como grande pólo de inovação, empreendedorismo e dinamismo na Europa. Em segundo, é uma oportunidade para Lisboa ser a casa de muito mais empresas tecnológicas, sejam grandes empresas ou partes de empresas, como departamentos de inovação ou desenvolvimento, sejam start-ups que estão noutros países e vêm instalar-se em Lisboa. Cerca de 30% das start-ups que estão a abrir no ecossistema de Lisboa já o são por iniciativa de estrangeiros. Em terceiro, vai alargar os horizontes e dar muito mais oportunidades quer às start-ups portuguesas, quer a todos aqueles que em Portugal pensam criar empresas.

O The Guardian disse que Lisboa tem sol, surf e rendas baixas. Além do clima, que é que Lisboa pode dar que Londres ou Berlim não dão?

Não gosto muito das comparações. Temos uma proposta de valor extraordinária, do ponto de vista dos sectores inovadores e dinâmicos da economia. Esses aspectos fazem parte dessa proposta, mas há outros. Somos a maior cidade universitária do país, temos muitos estudantes em áreas tecnológicas, somos a cidade que recebe mais estudantes estrangeiros, temos aqui localizados os melhores centros de investigação do país. E há um aspecto que vai encantar todos os que aqui chegam, vai ser uma mensagem muito forte da cidade de Lisboa: é que nós recebemos bem quem nos procura e vem de fora. Acolhemos bem a diferença, respeitamo-la e vivemos bem com ela. Nós julgávamos, na nossa geração, que o mundo era todo assim, e o mundo hoje já não é assim. Em muitos sítios, discutem-se muros, fronteiras, restrições à imigração. Há uma certa cultura de intolerância face ao outro e face àquele que vem de um país distinto, é uma cultura que se está a instalar em vários espaços e é uma cultura profundamente inimiga da inovação. A ideia anti-imigração é o primeiro inimigo da inovação. Ora, Lisboa é o inverso disto, nós dizemos a todos: sejam bem-vindos. Venham, fiquem cá. Venham visitar e conhecer as nossas instituições, venham conhecer os portugueses, construam cá as vossas empresas.

A organização estima que venham 50 mil pessoas. A cidade está preparada? Os transportes estão preparados?

Este é um evento de grande dimensão e será um dos maiores eventos que Lisboa acolheu, embora Lisboa já tenha uma grande experiência em acolher eventos de grande dimensão...

Não tão grandes...

Sim, mas já acolhemos eventos de grande dimensão. A diferença é o impacto que este evento traz na economia e no futuro. A cidade está preparada e funciona. A hotelaria já regista taxas de ocupação muito altas, não só em Lisboa como nos concelhos limítrofes... é normal que tudo isso vá acontecer na restauração, nas lojas, no comércio. Isso é bom para a cidade e a cidade está preparada para isso.

O Metro tem tido alguns problemas, não se vão registar durante o Web Summit?

Tem havido um diálogo com o Governo e a administração do Metro e da Carris nesse sentido, e estão previstas várias medidas ao nível do Metro e da Carris, para que o sistema possa funcionar com maior agilidade. Também no próprio sistema dos táxis, o funcionamento dos táxis e a disponibilidade do serviço junto à Meo Arena. Está tudo preparado para que se possa oferecer o melhor serviço de mobilidade e transportes a todos os que nos vão visitar durante estes dias.

E o comércio, está preparado? O líder da AHRESP tinha pedido para tratarem bem os clientes despenteados.

A cidade está preparada para a necessidade das pessoas que nos visitam, é profundamente cosmopolita, recebe públicos de diferentes nacionalidades e proveniências. Tem uma oferta diversificada, para todos os estilos, desde os mais jovens aos mais velhos. Hoje a diversidade de gostos é enorme e a cidade oferece respostas para tudo isso. Não tenho nenhuma dúvida de que a cidade vai encantar, fascinar todos aqueles que a vão conhecer pela primeira vez.

Uma das coisas que o líder da AHRESP pediu foi que não se obrigasse as lojas a cumprir o horário. Como é que a CML responde?

Temos regras de compatibilização do direito ao lazer com o direito ao descanso. Não há nenhuma razão para que esse quadro seja alterado, não há nenhum evento que justifique que haja um regime de excepção. Isso depois tem de ser analisado numa base de caso a caso: prolongamentos, regimes de excepção, um regime diferenciado. E não numa base genérica, de que a cidade agora muda o seu funcionamento numa semana. Não, isso não vai acontecer assim e as pessoas têm necessidade do seu descanso. Não vai haver nenhuma adaptação dessa regra geral, pode haver adaptações temporárias, em áreas e momentos em que essa compatibilização seja possível.

Como no Bairro Alto e Cais do Sodré?

Não faria isso de forma tão genérica, com essa amplitude. Não acho que nenhum evento deva introduzir numa cidade esse regime de excepcionalidade. Deve haver capacidade de adaptação ao acréscimo de público que vai frequentar essas zonas.

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