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Patrões reclamam Ministério para o turismo
A CTP vai apresentar ao Governo um novo modelo de governance para o sector, com Francisco Calheiros a avisar que este “bom momento não é passageiro, mas não o podemos tomar como adquirido”.
A reivindicação é antiga e o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP) aproveita a garantia de que o sector vai "crescer em todos os indicadores" no final deste ano para voltar a ela, numa intervenção perante a secretária de Estado que tutela o sector, Ana Mendes Godinho.
"Vamos apresentar uma proposta ao Governo para um novo modelo de governance que não se limite à gestão da actividade e que, entre outras iniciativas, deve integrar um Ministério do Turismo", anunciou Francisco Calheiros, admitindo que, além dessa "mudança estrutural", o grosso das medidas a reivindicar na nova estratégia ainda estão a ser ponderadas pela entidade que dirige.
Durante um evento organizado num hotel de Vila Nova de Gaia, que assinala o Dia Mundial do Turismo, o líder da CTP reclamou que "o bom momento que atravessa o nosso turismo não é passageiro, mas não o podemos tomar como adquirido". Há "medidas a tomar para assegurar a sustentabilidade" do sector e "margem para crescer em vários mercados" de origem, incluindo nos maiores, como os EUA ou a China.
O turismo representa 16% do PIB português e 20% do emprego, valendo nas exportações perto de 15.500 milhões de euros anuais. Ou seja, reforçou Francisco Calheiros, "nenhuma outra actividade económica contribui tanto para o crescimento do país, para o equilíbrio da balança de serviços e para a criação de emprego".
Retirando algumas notas do Roteiro para a Competitividade (ver caixa em baixo), desenhado pela PwC em colaboração com a CTP, o patrão dos patrões do turismo dramatizou a importância da qualificação dos recursos humanos – "as pessoas são o maior activo, a experiência no destino depende da hospitalidade e do profissionalismo de quem recebe os turistas" – e considerou "insuficiente" a actual oferta de instrumentos financeiros, que devem ser usados inclusive para antecipar futuras crises.
Esta quarta-feira, 27 de Setembro, o Governo lançou uma linha de apoio de dez milhões de euros para projectos de turismo sustentável, destinado a empresas, entidades públicas, associações de comércio ou de moradores e entidades ligadas à natureza. O novo instrumento financeiro arranca em Outubro e permitirá apoios máximos entre 100 e 300 mil euros, consoante os projectos forem promovidos por privados ou entidades públicas.
Francisco Calheiros voltou a pressionar o Executivo socialista para resolver o problema de capacidade do novo aeroporto de Lisboa – Montijo é a opção da CTP –, notando que "de nada serve apostar em projectos de grande dimensão se não mantivermos aberta a principal porta de entrada em Portugal ou se permitirmos que os que vêm de fora do espaço Schengen tenham de esperar horas para entrar no país".
Envolver privados nas decisões públicas
O Roteiro para a Competitividade aponta como desafios para a actividade turística a necessidade de reforçar esta área na macroestrutura do Estado, de aprofundar a participação dos privados nas decisões públicas e de apostar na formação e requalificação dos recursos humanos, de forma a "constituir um activo diferenciador e decisivo para a qualidade e autenticidade da experiência do turismo". Por outro lado, entre as necessidades "urgentes" para tornar as empresas mais competitivas, o documento encomendado pela CTP pede a evolução para um sistema com custos menores para as empresas, com mais transparência, equidade e justiça na definição de taxas, além de uma maior desburocratização e desmaterialização dos processos.