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Lisboetas gostam de ter a cidade cheia de turistas
Um inquérito da Intercampus mostra que tanto os cidadãos que residem como os que trabalham em Lisboa estão muito satisfeitos com o aumento de turistas na cidade. Quem se mostra menos entusiasta são os “mais velhos, inactivos e indivíduos de status mais baixos”.
Os lisboetas estão, em regra, muito satisfeitos com o aumento do turismo na cidade. A Associação Turismo de Lisboa encomendou à Intercampus um estudo de opinião sobre o impacto do sector na cidade e, depois de 1.071 entrevistas a residentes e trabalhadores na cidade, o estudo conclui que mais de 90% dos inquiridos mostraram ter uma opinião positiva ou muito positiva sobre a presença de turistas na cidade.
"Existe uma excelente opinião" sobre "o turismo e os turistas", lê-se no sumário executivo do inquérito. As percentagens são "globalmente bastante elevadas" e mantêm-se positivas "mesmo nos casos em que as consequências (ruído, tráfego, etc) são manifestamente incómodas".
O estudo divide os inquiridos entre residentes na cidade e pendulares – pessoas que trabalham na cidade mas residem fora da capital. Questionados sobre que opinião têm quando pensam "nas visitas de turistas à cidade de Lisboa", 56% dos residentes e 59% dos pendulares dizem que é positiva e 36% e 32% dizem ser muito positiva. Ou seja, mais de 90% mostram estar satisfeitos. E ninguém tem opinião muito negativa.
Quando é avaliada a contribuição do turismo para Lisboa, mais de 90% dos inquiridos dizem que é positiva ou muito positiva – e respostas muito similares são obtidas quando se avalia a contribuição do turismo para o país.
Os inquiridos dizem que o turismo tem aumentado muito – 81% dos residentes e 84% dos pendulares fazem essa avaliação. E essa evolução não tem sido má: 24% dos residentes e 29% dos pendulares diz que está "muito satisfeito" com o aumento do número de turistas; 58% e 51% estão "satisfeitos". Só 2% dos inquiridos estão insatisfeitos com a evolução do número de turistas e apenas 1% "muito insatisfeitos".
64% dos residentes prefere viver numa cidade com muitos turistas
Surpreendentemente, os residentes inquiridos na cidade são os mais entusiastas com a presença de turistas. 41% dizem que é "melhor viver numa cidade com muitos turistas" e 23% dizem mesmo que é "muito melhor". Apenas 5% dizem ser melhor viver com "poucos turistas" e 3% dizem que é "muito melhor com poucos turistas".
Os inquiridos que trabalham na cidade de Lisboa mostram-se mais desconfortáveis com a presença de turistas, e 11% respondem que é melhor trabalhar com poucos turistas, e 7% dizem mesmo que é "muito melhor".
O estudo diz que são "os mais velhos, os inactivos, os menos instruídos (e com menos status social)" e ainda "os residentes que não utilizam o automóvel na cidade de Lisboa" que são menos entusiastas do aumento do número de turistas. Em sentido contrário, os residentes que têm "actividade profissional relacionada com o turismo" e os que residem "no tempo histórico" são os mais entusiastas.
Questionados sobre as principais desvantagens do turismo, 61% dos residentes e dos pendulares respondem "nenhuma desvantagem". 18% dos residentes e 15% dos pendulares dizem que o turismo "gera muita confusão em espaços públicos" e 7% dos residentes lamentam o "aumento do custo de vida". 4% dos residentes mencionam ainda o barulho.
Os 21 entrevistadores da Intercampus, que conduziram o inquérito de forma presencial entre 21 de Novembro e 6 de Janeiro, falaram com 308 residentes em bairros históricos, 408 residentes noutras zonas da cidade, e ainda com 200 pessoas residentes em Cascais e Sintra que trabalham em Lisboa e 103 que trabalham na capital e residem noutro concelho.
Turismo de Lisboa "surpreendido"
Face às críticas generalizadas que têm pontuado o espaço público face às desvantagens do turismo massificado na cidade de Lisboa, o próprio director-geral da Associação Turismo de Lisboa, Vítor Costa, mostra-se surpreendido com este inquérito. "Tínhamos a sensação de que o turismo se dava bem com Lisboa, o que talvez nos surpreenda é a dimensão da adesão. Até face à opinião publicada [pensámos que] pudesse haver um maior distanciamento, e nesse aspecto fomos relativamente surpreendidos", admitiu.