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Grupos hoteleiros acusam fundos de concorrência desleal com preços baixos

"Porque são os hotéis de cinco estrelas incrivelmente baratos em Portugal?", pergunta a Bloomberg. Os hoteleiros respondem: devido à política de preços das unidades geridas por fundos de private equity, resgatadas nos anos da "troika".

Miguel Baltazar
15 de Fevereiro de 2017 às 10:28
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Alguns dos principais grupos hoteleiros portugueses acusam os fundos que resgataram empreendimentos turísticos durante a crise económica e financeira de estarem a praticar preços mais baixos do que a concorrência devido às condições privilegiadas que terão tido na altura da aquisição.

Grupos como Pestana ou Vila Galé e a própria associação dos hoteleiros, insurgem-se, de acordo com a Bloomberg, contra a política de preços das unidades sob gestão de fundos como a ECS, a Explorer Investments ou o Oxy Capital, que passados dois anos da saída da troika ainda continuam a gerir os hotéis comprados aos bancos.

"Estas empresas receberam os activos em condições mais favoráveis e podem agora oferecer preços mais baratos do que a maioria dos concorrentes," lamenta Raul Martins (na foto), presidente da Associação da Hotelaria de Portugal e proprietário do grupo Altis.

A agência noticiosa aponta o exemplo do cinco estrelas Vintage Lisboa (ex-CS Hotels, entretanto adquirido pela ECS e gerido pela NAU Hotels), no centro da capital, onde é possível reservar um quarto duplo com pequeno-almoço incluído por 122 euros. Esta é a sexta oferta mais barata dentro dos hotéis com estas condições pesquisados na plataforma Booking.com.

Estas sociedades de private equity – que não responderam às questões da Bloomberg - compraram à banca, durante a crise, portefólios imobiliários problemáticos que depois começaram a explorar, reabrindo mesmo algumas unidades que tinham encerrado devido a constrangimentos económicos.

"Muitos deles podem agora tirar partido do bom momento que o turismo atravessa em Portugal, beneficiando os seus clientes, empregados e, naturalmente, os credores. (…) Obviamente que o objectivo não é manter estes hotéis por 20 anos. Os gestores dos fundos sabem-nos e têm os incentivos correctos para vender," afirma Miguel Maya Pinheiro, administrador do BCP, um dos bancos que alienou activos a estes fundos.

Até agora, não foi isso que aconteceu. Em 2017, a maioria desses empreendimentos continua a ser gerida por empresas criadas pelos private equities: NAU Hotels & Resorts no caso da ECS; DHM no caso da Explorer. A Oxy Capital tem em mãos o Casino de Troia, o Troia Design Hotel, o Vilalara e o Lake Resort no Algarve, além do Marriott Praia d’El Rei.

A compra feita abaixo do preço de mercado – e ainda com o pagamento de comissões para a gestão – é, segundo Raul Martins, a razão para poderem praticar preços mais baixos. "É por isso que podem competir de forma agressiva por clientes. (…) O que queremos é que estabeleçam preços de acordo com o mercado," reclama.

Para José Teothónio, o CEO do grupo Pestana – que gere alguns hotéis destes fundos -, o facto de a gestão não ser atribuída a terceiros é "uma oportunidade perdida," já que a "rentabilidade obtida por hotéis que estão parqueados em fundos de reestruturação seria muito maior se fossem geridos por empresas com experiência que pudessem tirar partido das economias de escala."

"Uma coisa é se estes fundos tivessem investido dinheiro para comprar estes hotéis a um investidor normal. (…) Os hotéis que eu tenho não me foram dados. Não foi a minha tia que mos deu," contesta por outro lado Jorge Rebelo de Almeida, dono dos hotéis Vila Galé.

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