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Alojamento local: O braço-de-ferro é para continuar?

De um lado o Governo, do outro os hoteleiros. Ninguém cede na sua forma de encarar o alojamento local. Foi o assunto do dia no 27º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo.

Bruno Simão/Negócios
26 de Outubro de 2015 às 19:12
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O actual Governo esforçou-se por liberalizar o sector turístico. A justificação é clara: não quer limitar a inovação e a criatividade. Do outro lado, o da hotelaria, o assunto não é visto de uma forma pacífica. E a prova foi ter dominado os debates do primeiro dia do 27º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo.

 

"Não podemos assentar a oferta turística em algo que é descaracterizante face ao modelo hoteleiro tradicional", começou por defender o embaixador Francisco Seixas da Costa. E uma chuva de exemplos impôs-se em Évora. O caso espanhol foi sempre o mais recorrente.

 

Em Barcelona, onde o Governo local tomou medidas para impedir o alojamento ilegal em plataformas como a Airbnb, colocou-se a questão da sobrecarga turística e até de uma receptividade negativa dos locais face aos turistas.

 

"Temos de saber se queremos um turismo que cria riqueza e qualidade ou outro tipo de turismo que não o faz", afirmou Amâncio López, membro de uma associação que representa os hotéis de Barcelona. Para López, a estratégia tem de ser definida a um nível europeu.

 

O receio é de que Lisboa se possa tornar a próxima Barcelona, perante a proliferação do alojamento feito fora da hotelaria. Em Portugal, existem mais de 20 mil estabelecimentos de alojamento local. Por dia, surgem a um ritmo de 60 novas unidades.

 

"O que passa neste momento é que há grupos organizados que gerem apartamentos turísticos em número e dimensão", exemplificou Luís Alves de Sousa, director-geral dos hotéis Heritage. A preocupação não é apenas com a concorrência, mas com questões como a segurança ou o cumprimento fiscal.

 

Alves de Sousa vai mais longe: "Estou plenamente convencido que se existir um mínimo de exigência, uma grande parte desses apartamentos deixa de existir porque deixam de ser rentáveis".

 

É essa falta de exigência que a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) diz ter sentido por parte do actual Executivo, sobretudo na figura do secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes. "Esta situação não se vai resolver com este Governo", lamentou o presidente Luís Veiga.

 

A expectativa de uma maior regulação no sector passa para o próximo Governo, mesmo que se mantenham as cores políticas de até agora. Ou a regulação avança ou poderá estar em causa não só a actividade hoteleira como a estabilidade das próprias cidades, diz o sector.

 

Um dos exemplos dados por Cristina Siza Vieira, presidente da direcção executiva da AHP, demonstra esta dinâmica: sendo mais rentável alugar um apartamento no centro da cidade, os locais acabam por ser afastados para as periferias. "Estamos num ponto em que é preciso parar para pensar", defendeu. É o primeiro passo para que o braço-de-ferro possa chegar ao fim.

 

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