O administrador do grupo hoteleiro Porto Bay, Bernardo Trindade, acredita que a acelerada proliferação dos estabelecimentos de alojamento local – a um ritmo de 60 novos por dia – tem contribuído para uma certa "desprofissionalização" do sector do turismo.

"Para aqueles que se importam com esta actividade e criam riqueza e emprego, entendemos que do ponto de vista do reconhecimento da sua importância económica e social, ela foi de alguma forma um bocadinho degradada em função deste acréscimo ", afirmou ao Negócios, à margem do 27º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, a decorrer em Évora.

Por isso mesmo, o antigo secretário de Estado do Turismo defende que deve ser levado a cabo um estudo que meça o impacto deste tipo de alojamento na economia nacional. "É importante, que do ponto de vista de regras de acesso, se reequacione um bocadinho o que é a instalação de um alojamento local em centro urbano", referiu.

"É óbvio que ele teve aspectos positivos no que diz respeito à reabilitação urbana, mas trouxe problemas ao nível do mercado de arrendamento, que é hoje menos interessante", reconheceu, dando o exemplo do afastamento de residentes locais dos centros das cidades.

Ao Negócios, Bernardo Trindade faz um balanço positivo do grupo hoteleiro que lidera para este ano "em todas as geografias", embora não avance com números. A maior preocupação está mesmo na actividade no Brasil, onde é preciso "acomodar a desvalorização da moeda", o real.

Apesar disso, a procura não tem decrescido. "A qualidade do nosso produto e as localizações em que estamos – Copacabana e Avenida Paulista – para o segmento corporativo levam-nos a avaliar positivamente o comportamento geral do ano", explicou.