Notícia
Hoteleiros portugueses "optimistas" para 2016
Há preocupações, mas tudo aponta para que o próximo ano permita mais margem para o sector respirar. Ocupação e receitas deverão voltar a subir, traçam os hoteleiros nacionais.
Os hoteleiros portugueses estão "optimistas" quanto ao crescimento do sector em 2016. O cenário foi traçado esta terça-feira, 15 de Dezembro, pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
Em resposta a um inquérito, os associados da AHP dizem esperar uma melhoria generalizada de todos os indicadores. A única excepção deverá ser a estada média, que estabilizará nos níveis de 2015.
Do total, 82% acredita numa subida das receitas totais. Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP, destaca o facto de 60% dos inquiridos prever uma subida no segmento de alimentação e bebidas. Assim, antevêem um impacto positivo da descida do IVA na restauração de 23 para 13%, proposta que integra o programa do novo Governo socialista.
O Alentejo passa do destino mais pessimista para o mais optimista no que respeita à subida da taxa de ocupação, com 88% dos hoteleiros inquiridos da região a acreditar neste cenário. Todavia, as reservas mantêm-se fortes no que respeita ao RevPAR (receita por quarto disponível).
O sector destaca ainda como principal constrangimento à sua actividade os custos com serviços como água, gás e electricidade. "São um aperto grande na nossa indústria", classifica Cristina Siza Vieira. Os quadros fiscal e jurídico-laboral, e nomeadamente a questão da subida do salário mínimo nacional, são outras das preocupações.
À espera do Natal e do Réveillon
Faltam apenas os resultados do Natal e da passagem de ano para que os hoteleiros nacionais possam fazer as contas finais. A expectativa é de fechar 2015 com uma melhoria dos indicadores face ao ano anterior. Dos inquiridos da AHP, 76% falam de uma taxa de ocupação por quarto melhor do que em 2014, com realce para o Algarve.
Já o aumento do preço médio é traçado por 73%. Aqui, o destaque vai para os Açores, que beneficiarão este ano da entrada de companhias aéreas "low cost" em São Miguel. "A liberalização do transporte aéreo para os Açores está a dar frutos", alegra-se a responsável da AHP.
A maior surpresa em termos de mercados emissores vai para França, que registou um desempenho 60% superior ao esperado pelos hoteleiros ouvidos. França foi o terceiro mercado (15%), ultrapassado apenas por Portugal (19%) e Espanha (17%).
A maioria das unidades hoteleiras (90%) não prevê fechar no período de Inverno, à semelhança do que aconteceu em 2014. No Algarve, 38% encerrará. "Residualmente apontam a sazonalidade" como motivo para o fecho, lembra Cristina Siza Vieira. Obras de manutenção e descanso de pessoal são os motivos apontados.
Pela primeira vez, o turismo ligado a congressos e eventos superou a procura pela oferta de sol e mar, assegurando um lugar no "top" três. Em Portugal, estão em destaque as visitas para "city breaks" [viagens curtas, maioritariamente no fim-de-semana] e turismo cultural.
Este ano, nasceram 15 hotéis em Lisboa, alavancando para 167 hotéis e 1.309 quartos a oferta da capital, que "cresce muito mais aceleradamente do que a procura". No próximo ano deverão abrir mais 12. Já o Porto conta com 78 hotéis e 6.222 quartos. Em 2016, estão previstos dois novos hotéis na Invicta.
Balanço dos primeiros dez meses de 2015
Entre Janeiro e Outubro de 2015, a hotelaria portuguesa registou uma taxa de ocupação por quarto de 68,62%. Também o preço médio por quarto ocupado segue uma linha de crescimento para os 76,46%. Por sua vez, o RevPAR subiu quase 15%, para os 52,46 euros por quarto.
Nos primeiros dez meses do ano, a receita média por turista em hotel atingiu o montante de 107 euros (+7%). A estada média foi a única a seguir um ritmo negativo, contraindo 0,52% para os 1,92 dias.