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Algarve surpreendido com aumento de britânicos apesar do Brexit

A depreciação da libra não impediu os turistas britânicos de continuarem a viajar para o bloco do euro e aumentarem em quase 10% os gastos em Portugal. Outros destinos, como França, Turquia ou Egipto, registam quedas na procura.

Miguel Baltazar/Negócios
30 de Maio de 2017 às 11:18
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Os empresários algarvios do sector do turismo estão surpreendidos por, apesar da depreciação da libra no pós-Brexit, a redução do poder de compra dos turistas britânicos não se ter reflectido na procura pelo principal destino turístico nacional.

"É surpreendente. (…) A depreciação da libra levou-nos a acreditar que haveria um abrandamento no número de turistas a vir para Portugal mas isso não aconteceu," afirma Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em declarações à Bloomberg.

No primeiro trimestre do ano, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de hóspedes britânicos (122.688) representou 25% do total de hóspedes que a região mais a Sul do país recebeu, incluindo portugueses. E o crescimento de 1,25% do número de hóspedes britânicos neste período contrariou a queda de 4,9% registada para o total das nacionalidades.

Também nas dormidas os turistas britânicos se evidenciaram, com as pernoitas a subirem 2,26% para mais de 650 mil dormidas de Janeiro a Março, acima da subida verificada nas dormidas totais, que foi de 1,32% para 2,15 milhões de dormidas. Aqui, o peso dos britânicos é ainda maior: representam 30% do total de estadias nos hotéis da região.

No conjunto das regiões turísticas do país o aumento do número de dormidas foi ainda maior: subiram quase 6% (5,71%) para 1,3 milhões. Números que comparam com uma depreciação da libra face ao euro de 11,81% desde o referendo que decidiu a saída do Reino Unido da União Europeia, e de uma depreciação de 1,76% desde o início do ano. Contudo, no primeiro trimestre, a moeda de Sua Majestade até apreciou: 0,4%.

A tendência de aumento da procura está a ser sentida por outros destinos, como Espanha (onde o número de turistas aumentou 11%) ou mesmo na Irlanda do Norte. A questão da segurança (ou da ausência dela) penaliza destinos como França – as reservas de hotéis caíram 9%, ainda na sequência dos atentados de Nice e Paris –, Turquia ou Egipto.

Ryanair: "Companhias 'low-cost' financiam tudo isto"

A sustentar o comportamento de crescimento da procura turística britânica está, segundo o CEO da Ryanair, a queda dos preços das viagens aéreas. Michael O’Leary diz que, em média, os preços das passagens no ano até Março caíram 8%, período em que o preço do petróleo Brent evoluiu em sentido contrário, recuperando 36,6% do valor em dólares.

O’Leary acredita que os preços das viagens devem continuar a reduzir-se no próximo ano. "São as companhias aéreas que estão a financiar tudo isto. O Reino Unido é forte em volume, mas muito fraco em termos de preço," considera o líder da companhia que tem acordos de promoção de destinos com várias capitais e aeroportos europeus.

Segundo a Bloomberg, o número de viajantes para fora do Reino Unido aumentou 3% no primeiro trimestre em relação a 2016 e os gastos subiram 8%. Um ritmo semelhante ao verificado em Portugal, onde as receitas turísticas de gastos de cidadãos britânicos subiram 9,1% para 352,7 milhões de euros. O valor gasto pelos britânicos correspondeu a 16% do total (2.212 milhões de euros) gasto por turistas estrangeiros no país.

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