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2021 parece um "buraco negro" para o já castigado setor do turismo na Europa

O turismo é fundamental para muitos países ao longo do sul da Europa e responde por 21% da economia na Grécia e 17% em Portugal.

16 de Fevereiro de 2021 às 08:00
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Em todos os pontos turísticos do sul da Europa, tudo o que o setor pode fazer é preparar-se e manter a esperança.

 

As vacinas contra o coronavírus estão a ser administradas, mas vai demorar meses até que a imunização permita às pessoas viajarem de avião, embarcarem em cruzeiros ou divertirem-se em bares lotados ao longo da praia. Isso significa que as empresas estão, em grande medida, "às escuras" sobre como será a temporada de verão deste ano.

 

A expectativa é que 2021 seja melhor do que 2020, mas essa fasquia é baixa. Na ilha grega de Santorini, apenas três navios de cruzeiro chegaram no ano passado, em comparação com quase 600 em 2019. Dados da Comissão Europeia (CE) divulgados na passada quinta-feira revelaram que as diárias de não residentes nas férias em Itália, Espanha e Grécia caíram pelo menos 70% em 2020, e a CE alertou o setor para se preparar para outro ano de calmaria.

 

"Os fluxos do turismo em geral não devem recuperar totalmente, em 2021, para os níveis anteriores à crise", sublinhou a Comissão Europeia. Em Itália, o turismo não conseguirá acompanhar a recuperação económica mais ampla, já que os visitantes "só retornam gradualmente com a redução da incerteza".

 

Para quem está no setor, isso já é aparente neste arranque de ano. Paolo Manca, que lidera a rede Felix Hotels na Sardenha, diz que normalmente as reservas de verão estariam 30% completas nesta época devido ao cansaço das pessoas perante as longas noites de inverno. No entanto, os livros de encomendas estão quase vazios.

 

É uma situação difícil para os proprietários, que têm ainda de cobrir custos de manutenção e aluguer sem garantia de rendimentos.

 

"Temos de estar prontos, sem saber se poderemos abrir", comentou Manolis Karamolegos, proprietário do Meltemi Hotels and Resorts em Santorini e presidente da associação local de hoteleiros. "Não podemos deixar os preparativos para o último minuto".

 

O turismo é fundamental para muitos países ao longo do sul da Europa e responde por 21% da economia na Grécia e 17% em Portugal. Muitas vezes, é o principal empregador em regiões onde outros setores estão ausentes, proporcionando um rendimento essencial para as famílias e apoio às economias locais.

 

As perspectivas devem melhorar à medida que as vacinações avançarem, pois a procura reprimida deverá traduzir-se em mais reservas de férias espontâneas. No entanto, as variantes do coronavírus resistentes às vacinas no continente podem acabar com a festa.

Mesmo se houver aumento das reservas de última hora, os benefícios não serão sentidos uniformemente. A Comissão Europeia afirma que vai dar preferência a destinos locais ou a uma curta distância de carro, como para a Grécia e Portugal.

 

Mas, enquanto decorre a lenta – e polémica – campanha de vacinação da União Europeia, os governos procuram qualquer oportunidade de ajudar o turismo.

 

A Grécia quer que a União Europeia crie um certificado para que os vacinados possam viajar livremente. Já fechou um acordo com Israel, que é o país com o ritmo mais rápido de vacinação, segundo o rastreador de vacinas da Bloomberg.

 

Alguns hotéis no sul da Europa observam uma procura doméstica mais forte, o que compensará parte – mas não toda – da redução das receitas. Em Portugal, o CEO do Grupo Pestana, José Theotonio, disse que em janeiro os quartos foram reservados por residentes, já que o constante receio de proibições de viagens e quarentenas afastou visitantes estrangeiros.

 

Embora as vacinas devam acabar com essas medidas rigorosas, ainda não está claro quando. E os governos muitas vezes têm sido erráticos ao introduzirem restrições, causando apreensão junto das empresas e dos seus possíveis clientes.

 

"Precisamos de indicações precisas do governo, em termos de diretrizes de segurança e protocolos, para planear com antecedência", salienta o hoteleiro Paolo Manca, que também é presidente da associação de hoteleiros Federalberghi Sardegna. "Para o turismo, a falta de clareza é tão prejudicial quanto a própria covid".

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