Notícia
Prejuízos das empresas de transporte 33% acima do previsto
Carris, STCP e metros de Lisboa e Porto registaram no primeiro semestre deste ano resultados líquidos mais negativos do que o previsto nos seus orçamentos.
As empresas públicas do sector dos transportes e armazenagem registaram prejuízos de 254 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, um valor que representa quase mais 64 milhões – ou 33% – do que o objectivo expresso nos seus orçamentos.
De acordo com a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM), Carris, STCP e os metros de Lisboa e Porto contribuíram para que as perdas estejam a ser superiores ao previsto.
A Carris registou um resultado líquido negativo de 19,2 milhões, mais 4,8 milhões (ou 34%) do que está orçamentado, enquanto na STCP os prejuízos de 20,2 milhões superam em 56% (7,2 milhões) o estimado. No caso da Metro do Porto, as perdas ultrapassam os 123,9 milhões, superando em 41,5 milhões (50%) o objectivo. E no Metropolitano de Lisboa, o prejuízo era em Junho de 47,4 milhões, superior em 92% ao previsto.
Face ao primeiro semestre de 2015, as contas da STCP revelam uma derrapagem de 158%, enquanto o metro de Lisboa registou um decréscimo do resultado líquido de cerca de 20 milhões de euros (70%), em grande parte devido à deterioração do EBITDA em cerca de 19 milhões.
Em sentido contrário, comparativamente com Junho do ano passado, a Metro do Porto diminuiu os prejuízos em 2,1 milhões e a Carris em 4,3 milhões de euros. Nos primeiros seis meses, Metro do Porto e a STCP viram também o EBITDA deteriorar-se.
O desempenho do conjunto das empresas de transportes foi, no semestre, responsável por cerca de dois terços dos prejuízos do Sector Empresarial do Estado (SEE), que totalizou 332,7 milhões. Este valor representa uma melhoria de cerca de 27 milhões (7%) relativamente ao orçamentado. Já comparativamente com o mesmo período de 2015, significa uma redução das perdas em 104 milhões de euros.
Para este desempenho contribuiu a melhoria do resultado líquido da Parpública, que protagonizou uma progressão do EBITDA de cerca de 114 milhões de euros. Isto porque a empresa não registou no primeiro semestre deste ano provisões, ao contrário do que aconteceu no mesmo período de 2015, em que teve de apresentar imparidades de 116 milhões por força dos capitais próprios negativos da TAP. Por outro lado, a holding do Estado viu aumentar os dividendos obtidos das suas participadas em cerca de 21 milhões, explicado em grande parte pelo que foi distribuído pela Águas de Portugal.
Ao nível do endividamento, o conjunto das empresas de transportes ultrapassaram em Junho os 20,1 mil milhões de euros, um valor que supera em 2,2 mil milhões (12%) o orçamentado.
Endividamento 8% acima do previsto
O endividamento das empresas públicas somava, no final do primeiro semestre, cerca de 32 mil milhões de euros. Um valor, faz notar a UTAM, superior em 8% ao objectivo previsto nos orçamentos das empresas, que era de 29,5 mil milhões. Já face ao mesmo período de 2015, os níveis de endividamento mantiveram-se praticamente inalterados.
O maior decréscimo do endividamento no primeiro semestre foi registado pela CP, de cerca de 92 milhões de euros, por via de aumento de capital do accionista. O segundo maior decréscimo foi registado pela Estamo. Entre as empresas do sector dos transportes, a Carris obteve o melhor desempenho, ao registar uma redução de 7%, equivalente a cerca de 48 milhões de euros.
As contas das empresas públicas
As empresas pública geraram no primeiro semestre deste ano menos negócio do que tinham orçamentado, mas também tiveram menos gastos operacionais do que previam para este período.
O volume de negócios das empresas públicas foi, no primeiro semestre, de 2,9 mil milhões de euros, montante inferior em cerca de 124 milhões ao orçamentado pelas empresas. Face a 2015, manteve-se praticamente inalterado. No caso do sector dos transportes e armazenagem, o volume de negócios registado até Junho está 76 milhões abaixo do que foi estimado.
Gastos inferiores ao estimado
Os gastos operacionais do SEE totalizaram 2,7 mil milhões de euros até Junho, 6% abaixo do orçamentado. Face ao mesmo período de 2015, o valor equivale a uma redução de nove milhões de euros. O sector da saúde registou o maior crescimento dos gastos operacionais em termos homólogos, de cerca de 70 milhões.
EBITDA cresce
O EBITDA das empresas públicas ascendeu a 499 milhões de euros, o que supera em quase 84 milhões o orçamentado pelas empresas. Relativamente a 2015, este valor representa uma subida de 6%, o que corresponde a mais 28 milhões de euros.