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Portagens no Algarve continuam a ser obstáculo para turista espanhol

As portagens na Via do Infante (A22) continuam a ser um obstáculo à afluência de turistas espanhóis no Algarve e prejudicam a imagem do destino turístico, disseram hoje à Lusa responsáveis de associações empresariais da região.

Miguel Baltazar
13 de Abril de 2017 às 09:28
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"A razão da descida do mercado espanhol [no Algarve] não pode ser toda imputada às portagens, mas o que é facto é que desde a introdução das portagens o mercado espanhol tem descido sempre e era um mercado que estava a subir exponencialmente", afirmou o líder da maior associação de hoteleiros na região, Elidérico Viegas, numa semana em que se regista um grande volume de viaturas vindas de Espanha, para as mini-férias da Páscoa.

Para o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), além da introdução das portagens, "é ainda mais injusto" o modelo de pagamento adoptado, que cria confusão aos estrangeiros que entram na região pela Autoestrada 22 através de Vila Real de Santo António.

"As portagens revelaram-se um desastre económico e manter as portagens neste momento é mais uma questão de teimosia política do que propriamente uma vantagem", afirmou Elidérico Viegas, sublinhando que os últimos dados apontam para uma presença decrescente dos turistas espanhóis na região.

Em 2015, os espanhóis representavam 4,8% das dormidas registadas no Algarve, mas em 2016 as suas dormidas desceram para 3,7%, ao longo de todo o ano, ilustrou.

Já no ano passado, os espanhóis tiveram um peso de 10,5% nos resultados turísticos totais da região.

Também o presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), Vítor Neto, considera que as portagens são "um elemento negativo" para a economia regional.

"Tendo em conta a importância do turismo na economia do nosso país, que no ano passado foi o setor mais importante nas exportações de Portugal de bens e serviços, com quase 17% do total das exportações, e tendo em conta que o Algarve terá nesses valores um peso entre os 40% e 50%, é completamente irracional existirem obstáculos ao desenvolvimento desta actividade", vincou.

Vítor Neto, que entre 1997 e 2002 foi secretário de Estado do Turismo, defende que a mobilidade é fundamental para qualquer estratégia turística, em qualquer parte do mundo.

Para o presidente da NERA, no Algarve a mobilidade tem vários problemas, como é o caso das portagens, da falta de ligação ferroviária ao aeroporto, do sucessivo adiamento da electrificação da linha ferroviária e das obras da Estrada Nacional 125.

Quanto ao impacto das portagens no comportamento dos turistas espanhóis, Vitor Neto disse que, "além do valor em si, é um obstáculo psicológico" que tem muita influência no caso do consumidor turístico.

Para o representante dos empresários, não existem dúvidas de que este é um tema que tem de ser visto no conjunto do interesse global da economia do turismo para o país.

Vítor Neto apontou ainda que o turismo no Algarve é um sector dinamizador de toda a economia e gerador de riqueza e de emprego e que as portagens têm tido impacto no turismo, mas também nos residentes, nos trabalhadores e nas empresas.

"Tem de haver uma perspectiva de médio e longo prazo que potencie a consolidação do destino, lhe dê prestígio e que garanta que as pessoas que aqui vêem se sentem bem, se podem movimentar com facilidade e saem satisfeitas e com vontade de voltar", concluiu.

As portagens na A22, tal como noutras ex-Scut (estradas sem custos para o utilizador), começaram a ser cobradas em Dezembro de 2011, através de pórticos electrónicos.

Os espanhóis que não quiserem alugar o dispositivo electrónico específico para a cobrança têm duas opções - associar um cartão de crédito à matrícula (o que pode ser feito em máquinas colocadas na autoestrada) ou comprar um cartão pré-pago que se pode adquirir em postos de combustíveis.

As duas primeiras saídas para quem vem da Andaluzia - Vila Real/Castro Marim e Altura/Montegordo - estão isentas de pagamento.
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