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Pedro Nuno Santos: “Com comboio rápido entre Lisboa e Porto passamos a ter outro país“

O ministro das Infraestruturas garantiu que o governo não vai impor a sua visão sobre as prioridades de investimento para a próxima década, mas lembrou aos autarcas que a restrição orçamental obriga a fazer escolhas.

# Porque Entra - Além de principal responsável pela ligação entre Governo e PS com os parceiros da plataforma parlamentar que apoia o Executivo, e de ser o líder da ala esquerda socialista, Pedro Nuno é também, cada vez mais, o favorito à sucessão de António Costa. Com a votação do último orçamento da legislatura, cuja negociação se prevê ainda mais espinhosa do que as anteriores, e as legislativas de 2019 no horizonte, é crescente a influência de Pedro Nuno Santos no quadro político nacional.
Bruno Colaço
23 de Abril de 2019 às 13:11
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O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, considerou esta terça-feira, na audição pública sobre o Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, o plano que vai definir os projetos prioritários para a próxima década, que "é estrutural aproximar por ferrovia Lisboa e Porto".

"Passou a ser tabu falar de alta velocidade mas podemos falar de 300 km por hora", disse o responsável, salientando que com uma ligação rápida entre as duas maiores cidades "passamos a ter outro país".

Para Pedro Nuno Santos, o investimento que já está previsto no PNI já vai reduzir para 2 horas a distância entre as duas cidades. "Já é tremendo se o país conseguir isso. Estamos a falar de outro país, da forma como trabalhamos e como as empresas se podem relacionar", disse, considerando ser "uma mudança radical na forma como o país se organiza e pensa".

Na audição no parlamento, o ministro garantiu ainda que "não há nenhuma vontade do PS de impor a sua visão" relativamente ao PNI 2030.

"Queremos trabalhar com todos os partidos e com os autarcas para garantir que os próximos governos não façam uma revisão sistemática e o país fique no pára-arranca", salientou o ministro.

Pedro Nuno Santos. O governante sublinhou que "todos percebem que há restrição orçamental e é preciso fazer escolhas", defendendo a prioridade da ferrovia.

O responsável destacou ainda a necessidade de se conseguir um equilíbrio entre investir na coesão e no interior do país mas não deixando de investir na faixa do território, no litoral, onde vivem 8 milhões de portugueses.

Depois de ter ouvido os responsáveis das várias comunidades intermunicipais, que reclamaram as obras que entendem ser necessárias nas suas regiões, muitos afirmando terem sido esquecidas, Pedro Nuno Santos sublinhou que "temos de construir um programa que é nacional e que tem de cumprir uma certa restrição orçamental".

"Percebe-se que os autarcas peçam, mas no debate parlamentar vamos ter de fazer escolhas", afirmou o ministro, para quem "os problemas maiores do PNI não são o que lá está, são o que não está".

O PNI que foi apresentado pelo governo prevê um valor do investimento de quase 22 mil milhões de euros. Pedro Nuno Santos não tem dúvidas de que da Assembleia da República "sairá outro documento qualquer, com um custo muito superior", mas "se identificarmos todos as necessidades chegamos a um plano para o qual o país não tem capacidade". Algo que, acrescentou, não é mau. Isto porque "permitirá  revisitar o PNI que o governo apresentou, que não pode ignorar o debate no parlamento, seja em que governo for".

"Veremos se temos esse processo encerrado nesta legislatura", disse ainda Pedro Nuno Santos, realçando o papel do conselho superior de obras públicas que "vai permitir ter leitura de quem tem uma visão menos condicionada pelas ligações territoriais".

Sobre a aposta na ferrovia, Pedro Nuno Santos defendeu a ligação rápida entre as duas maiores cidades do país e acabou por elogiar o anterior governo por ter apostado no transporte de mercadorias porque "agora permite evoluir para aproveitar para transportar passageiros".

O ministro salientou ainda que parte do investimento tem de ser feito na requalificação de infraestruturas já existentes e admitiu que o programa possa vir a incluir projetos abaixo dos 75 milhões de euros, garantindo que do lado do governo "não há nenhum dogma".

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