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Estado injectou 900 milhões de euros na CP nos últimos três anos
A CP recebeu 12,4 milhões de euros do Estado antes de entrada em funções da nova administração, que tem como prioridades definidas pelo Governo a renovação do material circulante e a reestruturação da empresa.
O Estado colocou mais 12,4 milhões de euros na CP – Comboios de Portugal, totalizando em mais de 900 milhões o valor usado para capitalizar a empresa pública que gere a rede de comboios nacional nos últimos três anos. A injecção mais recente foi concluída antes da nomeação da nova administração.
"O aumento de capital estatutário da CP, em 12,4 M€, destina-se a suprir necessidades de capital da empresa e foi integralmente realizado na data mencionada no Despacho", responde ao Negócios a assessoria de imprensa do Ministério das Infraestruturas.
Em Diário da República, foi publicado esta quinta-feira, 29 de Junho, o aumento de capital aplicado a 23 de Junho e decidido pelo secretário de Estado do Tesouro, Álvaro António da Costa Novo, e o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins.
Esta operação complementa outras injecções que tiveram lugar nos últimos anos. O reforço que ocorreu em 2016 foi de 212,2 milhões, ao passo que, em 2015, a injecção fora de 683,5 milhões. Ao todo, foram 908,1 milhões a entrar na CP, cronicamente deficitária.
O Estado fez esta última aplicação antes da entrada em funções da nova administração, que substitui a liderada por Manuel Queiró. Carlos Nogueira, presidente, juntamente com os vogais Sérgio Abrantes Machado e Ana Maria Malhó, assumem os cargos na empresa de transporte ferroviário - que transportou 29 milhões de euros no primeiro trimestre - esta sexta-feira, um dia depois da nomeação em Conselho de Ministros.
Segundo diz ao Negócios o gabinete do Ministério das Infraestruturas, "o novo conselho de administração da CP terá como prioridades o desenvolvimento de uma política que contribua para a coesão territorial do país, a renovação estratégica do material circulante e a reestruturação orgânica da empresa".
Ainda não há relatório e contas relativo a 2016. Em 2015, a empresa, que contabilizando as suas participadas dispunha de um quadro de pessoal de 4.252 funcionários, obteve um prejuízo de 279 milhões de euros naquele ano. O capital próprio (diferença entre activo e passivo) é de 3,2 mil milhões de euros negativos, razão pela qual a Oliveira, Reis & Associados considera, na certificação de contas, que "a continuidade das operações do grupo e, consequentemente, a realização dos seus activos, nomeadamente os operacionais, depende essencialmente do suporte financeiro do Estado português e do sucesso futuro das suas operações".