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Comboios vão andar mais do que o previsto sem manutenção. Alerta levou a demissão na CP

Os comboios da CP vão circular mais tempo sem manutenção do que aquilo que estava inicialmente previsto. O director de material da empresa opôs-se à medida e acabou demitido, segundo o Público.

Carlos Nogueira é o presidente da CP - Comboios de Portugal.
Negócios 17 de Dezembro de 2018 às 08:35
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A CP decidiu que vai fazer uma parte da manutenção dos seus comboios mais tarde do que o que estava inicialmente programado. A fabricante das automotoras não se pronunciou sobre esta decisão. Já a empresa nacional defende que fez um estudo prévio que assegura a rectidão da decisão. O caso, que é relatado esta segunda-feira pelo jornal Público, já levou à demissão de um director que se opôs à medida.

 

Segundo o programa de manutenção, a cada 1,7 milhões de quilómetros percorridos, as unidades triplas eléctricas (UTE) deveriam recolher às oficinas para a manutenção avaliar se os rodados estão em condições de voltar aos carris ou se precisam de substituição ou tratamento. Contudo, a CP, presidida por Carlos Gomes Nogueira (na foto), decidiu que essa manutenção obrigatória só terá de ser feita a cada 2 milhões de quilómetros. Mais 300 mil quilómetros depois. 

 

Ou seja, há um atraso do ciclo de manutenção, o que permite que as automotoras cumpram mais serviço sem interrupções – e a CP tem sido alvo de críticas por supressões de linhas. Como escreve o Público, estas automotoras asseguram o serviço Tomar – Lisboa, e várias linhas regionais (Norte, Beira Alta, Baixa, Figueira da Foz-Coimbra).

 

A empresa - que tem enfrentado greves dos seus trabalhadores - disse ao Público que a alteração "foi, evidentemente, alvo de estudo e avaliação prévia, tendo sido cumpridos todos os requisitos regulamentares determinados para as alterações de natureza técnica ou operacional no sistema ferroviário". "Esta alteração não coloca em causa a segurança da operação ou dos passageiros", concluiu a CP.

 

Segundo conta o Público, o director de material da companhia de comboios, José Pontes Correia, insurgiu-se contra esta decisão da empresa. Considera que esta gestão da manutenção poderá mesmo colocar em causa a segurança dos passageiros, até porque, diz o jornal, a decisão foi tomada com critérios pouco exigentes. A fabricante do material, a Alstom, não foi ouvida pela administração. Pontes Correia acabou demitido, tendo sido exonerado este mês. Sobre esta demissão, a CP não se pronuncia. 

A CP tem sido alvo de sucessivos aumentos de capital ao longo dos últimos anos. Este ano, o accionista Estado já injectou cerca de 78 milhões de euros, depois de um período de quatro anos em que a colocação de capital superou já a fasquia de mil milhões de euros. 

A administração comandada por Carlos Nogueira foi eleita como tendo como prioridades, definidas pelo Ministério das Infraestruturas, "o desenvolvimento de uma política que contribua para a coesão territorial do país, a renovação estratégica do material circulante e a reestruturação orgânica da empresa".





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