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TAP lamenta greve dos tripulantes de cabine e diz estar disponível para negociar
CEO da TAP diz em entrevista ao Negócios que a proposta da transportadora "é para ser negociada" e fonte oficial da companhia diz que administração está disponível para chegar a um novo Acordo de Empresa "digno para ambas as partes". Tripulantes de cabine querem o fim dos cortes salariais e aprovaram pré-aviso de greve para os dias 8 e 9 de dezembro.
A TAP lamenta a greve marcada pelos tripulantes de cabine e garante que está disponível para negociar um novo Acordo de Empresa digno "para ambas as partes" e que "respeite o esforço investido pelos portugueses na companhia".
Esta é a reação da companhia ao pré-aviso de greve nos dias 8 e 9 de dezembro aprovada por 553 tripulantes de cabine em assembleia geral extraordinária do Sindicato Nacional Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Na reunião marcaram presença 572 associados a que se somam 363 que estavam representados por procurações.
Os tripulantes de cabine querem recuperar algumas das regalias que terminaram com o Acordo Temporário de Emergência, que esteve em vigor durante o plano de recuperação da companhia, e defendem o fim do corte médio de 12% nos salários recusando "liminarmente a proposta de novo Acordo de Empresa apresentada pela TAP", que já tinham classificado como "inenarrável".
Em comunicado, o sindicato dos tripulantes justifica a greve com os "sistemáticos atropelos" ao Acordo de Empresa em vigor e ao Acordo Temporário de Emergência. A isso, lê-se no comunicado do SNPVAC, somam-se a "falta de respeito que a TAP tem vindo a ter perante os tripulantes" e as "mais do que questionáveis decisões de gestão que acabam por ter um impacto direto e indireto" na vida destes trabalhadores.
No entanto, os tripulantes de cabine vão ainda tentar chegar a acordo com a companhia até dia 6 de dezembro, dia em que vai decorrer uma nova assembleia geral extraordinária "para avaliar a evolução e o impacto das negociações entre o SNPVAC e a TAP".
Em entrevista ao Negócios, a CEO da TAP diz que não entende a reação dos tripulantes de cabine tendo em conta que a proposta da companhia "é para ser negociada" e lembra que "o corte médio no salário da tripulação de cabine é um dos mais baixos da empresa".
Christine Ourmières-Widener diz ainda ao Negócios que não há margem para aliviar as reduções salariais sem um novo acordo assinado. "Os cortes salariais são os cortes salariais. A única forma de deixar de ter corte salarial é negociar um novo acordo de empresa. Tenho vindo a repetir isto. Os acordos de empresa que temos são do passado. O dos tripulantes de cabine é de 2005 ou 2006. O mundo evoluiu, estamos num mundo diferente, os aviões são diferentes, os clientes são diferentes. Precisamos de nos sentar e negociar um novo acordo de empresa. Fizemos progressos com alguns dos sindicatos e vamos continuar a negociar. Se não negociarmos o acordo de empresa, o futuro da TAP fica em risco", disse em entrevista ao Negócios a CEO da TAP.
Além disso, ao Negócios, Christine Ourmières-Widener teceu críticas aos cerca de 300 tripulantes de cabine que estão de licença por assistência à família nos dias de Natal, alegando que vai provocar fortes perturbações na operação durante esses dias. Cenário que se vai agravar com uma greve no horizonte.