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"TAP já está a devolver dinheiro" das ajudas públicas "desde o primeiro dia"
Para Pedro Nuno Santos só há dois caminhos para o futuro da TAP: ou é integrada num grande grupo de aviação ou a "TAP compra a Lufthansa ou a Air France", ironizou.
Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas, prefere não fazer comentários sobre a futura venda da TAP. Relembrou que quando saiu do Governo, a 4 de janeiro deste ano, a intenção era privatizar, mas nunca se comprometeu com percentagens. "E não é agora que o vou fazer. Depois de quatro de janeiro a questão já não se coloca a mim", disse na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, por requerimento do PSD, onde foi ouvido durante três horas e meia.
Mas não tem dúvidas de que a companhia aérea não sobrevive sem ser integrada num grupo internacional. "A TAP não é uma ilha", referiu. "Opera num setor muito agressivo do ponto de vista concorrencial". Por isso, não tem dúvidas que o capital deve ser aberto a uma empresa do setor.
Sobre a contradição face ao reforço da posição do Estado em 2020, quando injetaram 1,2 mil milhões de euros, defendeu que sem essa intervenção "a TAP fechava". Relembrou a dificuldade financeira que assolou a empresa, e todo o setor com a pandemia, e que o acionista privado não queria injetar dinheiro próprio. "Nunca foi por querermos uma empresa 100% pública", assegurou.
"Sem reestruturação, TAP fechava"
Sobre o processo e necessidade do plano de reestruturação, que prevê a injeção de 3,2 mil milhões de euros, referiu que a TAP "está a devolver dinheiro desde o primeiro dia" que foi intervencionada porque "paga 300 milhões de euros por ano em contribuições fiscais e para a segurança social".
"O plano de reestruturação não foi um desastre, o plano de reestruturação permitiu salvar a TAP", respondeu à deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que questionou o ex-ministro sobre os despedimentos e cortes salariais ,no âmbito da reestruturação.
"Cada um tem a sua tina, a senhora deputada também, não se ponha de fora. [...] Se não houvesse plano de reestruturação, não havia TAP. [...] Sem plano de reestruturação não havia possibilidade de injetar dinheiro na TAP, com ou sem nacionalização, e, portanto, a TAP fechava", acrescentou.
"Se fosse aceite [pela Comissão Europeia] não fazermos nenhum corte nem redução de pessoal, o que significava àquela data é que a injeção não era de 3.200 milhões de euros, era de 4.500 milhões", apontou, acrescentando que aquelas medidas permitiram à companhia aérea uma poupança de 1.300 milhões de euros.
Pedro Nuno Santos apresentou demissão no final do ano passado, após a polémica indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis e foi substituída, a 4 de janeiro deste ano, por João Galamba.
Estas audições têm lugar fora do âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP, proposta pelo Bloco de Esquerda (BE).
(Notícia atualizada às 15h50)