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José Roquette e Miguel Sousa Tavares: Frente-a-frente na Aviação

As mesmas perguntas. Duas visões.

30 de Janeiro de 2013 às 14:00
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1. Qual a importância de ter na esfera do Estado a companhia aérea?

 

2. Quais as vantagens/desvantagens da privatização da TAP?

 

3. Quais os principais problemas que podem resultar desta operação?

 

4. Como vê o futuro da TAP?   

 

 

José Roquette

Administrador do Grupo Pestana

 

"Ser menos uma empresa pendurada no Estado"

 

1. Na esfera do Estado talvez não seja importante em termos de gestão, desde que o mesmo Estado saiba definir regras e condições, isto é, um caderno de encargos cuidadoso e inteligente para a privatização que acautele os interesses nacionais – nomeadamente para o turismo, mas não só – em termos de cobertura de destinos/origens chave com voos directos. Não vejo que afecte a soberania, desde seja um processo cuidadoso.


2. A vantagem de privatizar é óbvia no que diz respeito a ser menos uma empresa pendurada no Estado, à mercê dos interesses políticos, dependente do dinheiro dos contribuintes. A desvantagem principal será a perda de cobertura de mercados chave, bem como a transferência do "hub" de Lisboa para outra cidade . Ou seja, tudo o que possa decorrer de uma privatização mal conduzida e pouco preparada.

3. Talvez se pudesse privatizar a gestão e mais tarde a empresa. Seria uma forma de realizar o processo em duas fases. Bem gerida, certamente que valeria mais numa privatização.

4. Condicionado nas opções de crescimento pela dependência das rotas África e Brasil e com uma gestão sempre encostada ao Estado ou dependente deste, o que nem sempre introduz critérios de eficiência.

 

 

MiguelSousa Tavares

Escritor/Jornalista

 

"Vamos ficar sem um instrumento de política externa"

 

1. Quanto mais pequeno e fraco é um país, mais preciso é ter uma TAP. Para mim, a TAP é a primeira e mais forte do Atlântico Sul, domina este mercado e o mercado de África. E é a maior embaixadora do País.

2. Há dois problemas: a TAP só perde dinheiro por causa da Manutenção do Brasil e não creio que o Efromovich queira este negócio. Além disso, a TAP tem uma actividade que dá lucro. A TAP tem nome, tem "know how" e vale muito mais do que está a ser avaliada. Não entendo porque é que a União Europeia proíbe ajudas do Estado: o nosso Estado tem um papel importante, no sentido de alterar isso.

3. Quem comprar vai mandar e se as coisas [condições] se mantiverem como estão, não há comprador que aceite. O preço dos voos para as ilhas e o preço dos voos de Estado vão ser bastante mais caros. É fatal a factura que o Estado vai pagar. Não vejo nenhuma vantagem em privatizar.

4. Se o preço for baixo, o Estado pelo menos vai adiar [respostas dadas antes da decisão de suspender o processo por falta de garantias do comprador]. Mas o futuro vai ser o pior possível. A TAP tem um serviço ao cliente de excelência e vai passar a funcionar pior e vamos ficar desprovidos de um instrumento de política externa.

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