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Pedro Nuno Santos diz que não era “sua função” dizer a Alexandra Reis para devolver indemnização
O antigo governante sublinhou que Alexandra Reis “preenchia bem os requisitos para a função” na NAV. E não lhe competia a ele informá-la que teria de devolver a indemnização.
Pedro Nuno Santos disse que não lhe competia tratar do processo de devolução da indemnização por parte de Alexandra Reis quando foi contratada para a NAV.
Em resposta às perguntas do deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, o antigo governante rejeitou que a ida da antiga administradora da companhia aérea para a NAV esteja relacionada. Simplesmente havia uma vaga há alguns meses e Alexandra Reis "preenchia bem os requisitos para a função".
Sobre o dever de devolver os 500 mil euros que tinha recebido, uma vez que iria ingressar numa empresa pública também, respondeu: "Essa é uma responsabilidade do gestor público". E deixou a pergunta: "Era o ministro que tinha de assegurar que era cumprida? Não era minha função", acrescentou.
"Não está no quadro das minhas funções e responsabilidades", reforçou novamente quando questionado pelo deputado do Chega, André Venturam sobre o mesmo tema.
Pedro Nuno Santos deixou ainda vários elogios ao trabalho de Alexandra Reis, considerando-a "altamente competente, inteligente e trabalhadora". E disse que espera que se refaça da polémica da indemnização, até porque acredita que o seu profissionalismo será "útil" a quem a contratar.
Ao longo da audição, que dura há mais de quatro horas, Pedro Nuno Santos disse ainda não ter tido conhecimento que o Ministério das Finanças não tinha sido informado do processo e do valor da indemnização. Quem acompanhou o processo foi o seu secretário de Estado, Hugo Mendes, que na sua audição admitiu que esteve "menos bem" ao não ter informado as Finanças.
"Tomei a decisão certa"
Sobre o email enviado por Alexandra Reis a 29 de dezembro de 2021 a colocar o lugar à disposição no seguimento da alteração acionista, confirmou que nunca respondeu ao mesmo. Porquê? "Infelizmente, há de haver mais emails aos quais não respondi", atirou. "A questão para mim estava resolvida, a engenheira Alexandra Reis põe o lugar à disposição, no mesmo email diz que quer continuar, nós não tínhamos nenhuma razão para a substituir e não partiu de nós a iniciativa de substituição", afirmou.
Nem uma semana depois, Christine Ourmières-Widener informou que queria reformular a sua equipa, que só tinha um elemento escolhido por si, Silvia Mosquera que entretanto renunciou ao cargo.
Instado a comentar qual o motivo pelo qual não aceitaram a saída a custo zero, Pedro Nuno Santos rejeitou misturar as coisas. Explicou que o email estava relacionado com a alteração acionista e na sua opinião não fazia sentido usar essa informação para o processo. "Continuo a achar que tomei a decisão correcta", reforçou.
Já sobre a participação do seu braço direito, Hugo Mendes, na reunião com a TAP em que foi preparada a resposta ao despacho ministerial para perceber a questão da saída da ex-administradora, Pedro Nuno Santos disse apenas ter tido conhecimento pela comunicação social. Ontem, na sua audição, Hugo Mendes admitiu que deveria ter saido da reunião antes de ser elaborado o documento.