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Ministro pede recato na TAP após vídeo viral de diretores
Vídeo sobre recrutamento em Madrid durante processo de despedimento coletivo, publicado nas redes sociais, leva TAP a abrir inquérito disciplinar a responsáveis dos recursos humanos. Governo “indignado” com a publicação.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, pediu que haja “recato e sensibilidade” para a atual situação da TAP, após a divulgação de um vídeo nas redes sociais em que dois gestores de recursos humanos com “elevadas responsabilidades” na companhia aérea partilhavam a experiência sobre a contratação de pessoal em Espanha. A questão tornou-se ainda mais sensível já que continua em curso um despedimento coletivo na companhia aérea.
“A situação é crítica e complexa, é demasiado difícil de gerir e era importante que todos nas suas funções tivessem o recato e a sensibilidade para a situação que muitos estão a viver”, afirmou o ministro Pedro Nuno Santos, no Algarve, durante a inauguração da base sazonal da EasyJet no aeroporto de Faro.
Os protagonistas
Os protagonistas deste vídeo polémico, que já levou a companhia área a anunciar a instauração de um processo de inquérito, são Pedro Ramos, diretor de recursos humanos da TAP, e João Falcato, que lidera este mesmo departamento na empresa de manutenção & engenharia do grupo.
Filmado com um telemóvel na Plaza Mayor, no centro de Madrid, os dois altos quadros da transportadora portuguesa comentam de forma descontraída, ao final do dia, como decorreram as entrevistas na capital espanhola com candidatos a responsável da área de carga da TAP. “É uma cultura diferente. São muito mais abertos e estão mais à procura de oportunidades. E acham que isto já passou, o que é muito importante porque continuamos a encontrar gente de excelente qualidade e que está disponível no mercado, fruto da pandemia. Esperamos trazer para a TAP gente que não estaria disponível [noutro] momento e que vamos conseguir contratar”, comenta Falcato na gravação.
Em Faro, o ministro das Infraestruturas afirmou desconhecer este recrutamento, mas sublinhou também que “não precisava de saber” já que não gere a companhia, apontado ainda que a área de carga é apontada no plano de reestruturação como “oferecendo uma boa rentabilidade e a TAP está a investir nesse negócio”. Ainda assim, Pedro Nuno Santos adiantou que o que está em causa é “a saída do responsável comercial de carga em Espanha”. “Saiu voluntariamente e a prática normal é que seja substituído por alguém que conheça o mercado em concreto. Não há um processo de recrutamento aberto, o que há é a necessidade de substituir alguém.” Ao início da tarde o governante tinha-se dito “indignado”.
O vídeo da polémica já suscitou a reação dos partidos, que exigem ao Governo explicações sobre a contratação.