Notícia
Diretor de recursos humanos da TAP suspenso até conclusão do inquérito sobre vídeo em Madrid
O diretor de Recursos Humanos da TAP, Pedro Ramos, foi suspenso de funções, na sequência do inquérito instaurado devido a um vídeo publicado nas redes sociais, onde refere um recrutamento de pessoal em Madrid, anunciou hoje a transportadora.
A carregar o vídeo ...
16 de Junho de 2021 às 12:42
"Informamos que a Sandra Rodrigues irá assegurar interinamente as funções do Diretor de Pessoas e Cultura, no contexto do processo de inquérito instaurado, que determina a suspensão de funções do Pedro Ramos até à conclusão do mesmo", informou a companhia aérea, numa nota enviada hoje aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, assinada pelo presidente da Comissão Executiva, Ramiro Sequeira, e pela administradora executiva Alexandra Reis.
Em causa está um vídeo publicado na página do Facebook de João Falcato, trabalhador da TAP com responsabilidades na área dos Recursos Humanos da Manutenção & Engenharia da TAP, no qual surge acompanhado pelo diretor de Recursos Humanos da companhia aérea, Pedro Ramos, afirmando que se encontram em Madrid, Espanha, a recrutar pessoas para a TAP Madrid, para o departamento de carga.
"Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o conselho de administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação", disse fonte oficial da TAP em resposta à Lusa.
"Neste momento delicado da vida da companhia, o Conselho de Administração expressa a sua solidariedade para com todos os trabalhadores da TAP e apela ao bom senso e recato de todos", acrescentou a mesma fonte.
O Ministério das Infraestruturas e da Habitação disse estar "indignado" com o vídeo que circula com dois trabalhadores com responsabilidades nos Recursos Humanos da TAP, no qual referem estar em Madrid a recrutar pessoal para a transportadora.
Contactada pela Lusa, a Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP lamentou a "cena triste" publicada nas redes sociais, que "roça o imoral" e o "fora de senso".
"É muito injusto para os trabalhadores portugueses e, realmente, se estão a reduzir pessoas aqui, se há redução de salários, então vão para Espanha contratar?", disse a coordenadora da CT, Cristina Carrilho, à Lusa, acrescentando que acredita que se tivesse sido proposto a ida para Espanha a trabalhadores que saíram da companhia no processo de redução de pessoal, alguns aceitariam.
"Mas isto é figuras que se façam? Isto é gozar com as pessoas. É uma cena muito triste e é gozar com as pessoas", sublinhou Cristina Carrilho.
A CT adiantou que vai questionar a empresa, no sentido de perceber se há um processo de recrutamento em curso.
A Lusa também tentou confirmar junto da empresa se há um processo de recrutamento em curso, mas não obteve resposta.
A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores.
O Código de Ética e Boa Conduta Empresarial da TAP (versão 1.2), a que a Lusa teve acesso, define que os trabalhadores que intervêm "de forma direta e pessoal" em plataformas da internet devem ter "intervenções construtivas, respeitosas, transparentes e éticas".
"Abstenham-se de intervenções suscetíveis de afetar o bom nome do Grupo TAP ou o dos seus colaboradores, bem como o prestígio empresarial de cada uma das Empresas do Grupo TAP, nomeadamente através da publicação de fotografias, vídeos ou comentários descontextualizados", lê-se no documento.
Adicionalmente, o código define que as intervenções dos trabalhadores na internet "não vinculam nem responsabilizam diretamente o Grupo TAP e podem, sempre que ofensivas do mesmo ou dos seus colaboradores, constituir uma prática suscetível de procedimento disciplinar nos termos contratuais e legais".